Muitos países do mundo possuem seus símbolos além da bandeira nacional: a loba e a águia na Itália, o galo na França, a águia na Alemanha, dentre os que eu lembro de memória.
Mas algumas cidades também possuem símbolos que narram a sua história, a sua origem e fatos muito importantes do seu passado.
Roma possui dois símbolos pelo menos dois símbolos famosos: o onipresente acrônimo SPQR e a Loba Capitolina.
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SPQR: a primeira marca registrada do mundo
Senatus PopulusQue Romanus em latim. Em bom português, o significado de SPQR é: o Senado e o Povo Romano.
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O Senado e o Povo Romano eram os dois grupos ou macro classes sociais que mantinham o Império Romano de pé.
Os membros do senado eram patrícios, a elite absoluta da época.
Os patrícios eram aquilo que no Brasil poderíamos chamar de “elite quatrocentona”: tinham que ser elite por origem familiar, dinheiro e virtude. Um emergente raramente seria um patrício, porque lhe faltaria a tradição familiar.
Um rico falido até poderia continuar sendo um patrício, mas sem qualquer possibilidade de influência política.
Quanto às virtudes, bem, é sempre importante lembrar que as punhaladas que mataram Júlio César vieram dos membros do Senado!
Mas, ainda sobre os patrícios… uma das poucas exceções de ascensão do “povo” ao mais alto poder foi justamente Júlio César, que inclusive vinha de um bairro extremamente popular: a Suburra, onde hoje está localizado o charmoso bairro Monti.
O povo era todo o “resto”: desde os patrícios que eram ricos e poderosos, mas não tinham ascendido politicamente até a plebe. A plebe englobava tudo o que não era elite: desde o “povão” até a “classe média” da época.
Portanto, unindo essas duas classes, Roma possuía cidadãos que graças aos seus plenos direitos civis, políticos e militares, fizeram com que o Império pudesse se expandir de modo grandioso.
Mesmo com as invasões e declínio de Roma, a sigla SPQR continuou a ser usada por mais de 2000 anos para indicar “algo de romano, algo de antigo, algo que nos acompanha desde o império até os dias de hoje”.
Portanto, desde a certidão de nascimento dos nossos filhos, às placas de identificação dos táxis de Roma, até as latas de lixo carregam consigo o símbolo da Res Pubblica romana. Na antiguidade essa marca acompanhou o império na sua fase de expansão pelo mundo antigo.
Podemos dizer que o SPQR foi a primeira “marca registrada” do mundo!
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A loba capitolina: símbolo do “novelesco” mito da fundação de Roma
A loba capitolina é o símbolo de Roma que está ligado à fundação da cidade. O animal teria amamentado os gêmeos Rômulo e Remo. E Rômulo foi o primeiro rei de Roma.
O Imperador Augusto queria dar origens nobres à fundação de Roma. Então encomendou um poema épico ao poeta Virgilio: a Eneida.
A loba na entrada lateral do Palazzo Senatorio, sede da Prefeitura de Roma, localizada na Praça do Campidoglio.
Depois de fugir de Troia com o pai Anquise e o filho Ascânio, ficar viúvo, resistir às investidas de Dido, Enéas (filho da deusa Vênus) conseguiu finalmente aprodar na costa do mar do Lácio, às portas de Roma.
Se casou de novo com a princesa Lavinia e fundou uma nova cidade, à qual chamou Lavinium, em homenagem à sua esposa. Da união de Enéas e Lavinia nasce Silvio!
Pasmem! A localidade onde Eneas teria desembarcado está na proximidade à parte costeira de Anzio.
Doze gerações mais tarde, Rea Silvia (descendente de Enéas) e o Deus Marte se apaixonaram e ela engravidou, rompendo assim seu voto de castidade.
O tio e rei (Numitore) mandou assassiná-la porque esse era o castigo reservado às sacerdotisas que rompiam o voto de castidade.
Quando o rei descobre que os gêmeos nasceram, manda que dois escravos coloquem os bebês em um cesto e os joguem no Rio Tibre.
Aqui há várias versões da história, mas o cestinho com os gêmeos (assim como a narrativa bíblica de Moisés no Egito) não afundou. Os gêmeos foram salvos e amamentados por uma loba.
Logo depois um pastor de ovelhas e sua mulher encontraram os gêmeos e os adotaram. A cabana ficava do pastor ficava no Palatino.
Se vocês já visitaram o Museu Palatino, sabem que, realmente, foram encontradas algumas cabanas que coincidem com a época à qual a fundação de Roma é dada como certa.
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A Loba Capitolina nos Museus Capitolinos
Uma das esculturas mais bonitas da loba e dos gêmeos se encontra nos Museus Capitolinos. Na minha modesta opinião essa é a sala mais bonita do museu, veja bem a foto e entenda o porquê.
A escultura de bronze pode ter sido feita em duas épocas. Algumas análises revelaram que a escultura da loba é muito antiga, provavelmente de época etrusca (séc. V a.C.). Somente em época medieval foram colocados os gêmeos sendo amamentados.
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Essa é a cor natural dos mosaicos. Não tem filtro e nem Photoshop!
A loba predomina em uma sala dos Museus Capitolinos, que possui um dos mosaicos antigos mais lindos e coloridos de Roma. Acreditem se quiser, esse mosaico fazia parte de uma antiquíssima vila romana, localizada onde hoje em dia existe a movimentadíssima Via Nazionale.
O gêmeo Remo e a loba romana em Siena
Como toda boa “novela”, o que aconteceu com Remo, o outro gêmeo?
Parece que as narrativas mitológicas e religiosas retornam sempre ao homicídio entre gêmeos mais antigo da história: aquele de Caim e Abel.
Pois bem, a luta pelo poder e pela leitura do oráculo para saber qual dos dois gêmeos deveria ser o rei de Roma, culminou numa guerra entre irmãos e Rômulo matou Remo.
Os descendentes de Remo, Ascanio e Senio fugiram em direção norte, onde hoje temos a Toscana. E do nome Senio, nasceu Siena.
Graças à estirpe que a fundou, Siena é irmã gêmea de Roma.
A tradição antiga na bandeira de Roma
Consequentemente, a bandeira de Roma é formada por duas faixas, uma vermelho púrpura do lado esquedo, e outra amarelo ocre do lado direito, cores de antiga origem bizantina.
Em cima das faixas é apoiado o brasão de Roma, sobreposto por uma coroa e com as letras SPQR.
E o time de futebol mais popular de Roma, que se chama “Roma”, se inspirou na bandeira de Roma para ter a sua própria bandeira.
Digamos que as diferenças são poucas e um dos apelidos do time é “o time amarelo e vermelho”, em alusão às cores da bandeira.
Existem poucas diferenças, mas na bandeira da Roma (e não de Roma), temos o desenho da loba que amamenta os gêmeos Rômulo e Remo.
Outros símbolos de Roma e do Império Romano
O Império Romano teve vários símbolos ao longo da sua história. Vejamos os símbolos mais populares:
As insígnias ou estandartes romanos
As insígnias eram um dos símbolos mais populares do Império Romano. Eram basicamente uma haste de madeira ou de metal, onde na parte superior era fixado uma faixa de tecido, e acima dessa, a imagem de metal de um animal.
Quase sempre eram representados animais ferozes ou predadores, quais leão, pantera, águia, javali e o lobo.
As insígnias eram o símbolo das legiões romanas e não poderiam jamais cair nas mãos dos inimigos. Perder a guerra já era fatal, mas quando as insígnias eram capturadas pelos ininigos, isso significa uma enorme desonra para as legiões romanas.
A águia imperial
A águia com as asas abertas, e muitas vezes com dois rostos (para simbolizar o império romano do ocidente e o império romano do oriente) era um dos símbolos mais importantes do império romano.
Perder as insígnias com a águia significava que a ordem de legionários seria eliminada, uma vez que os soldados não foram capazes de defender o símbolo de Roma.
A águia imperial foi um símbolo amplamente exibido e utilizado por Mussolini, durante a ditadura fascista.
Após a destituição do fascismo, a águia foi arrancada de vários prédios e monumentos, mas ainda a vemos em Roma e em edifícios espalhados pelo país.
O Feixe Litório
O feixe litório (fascio litorio) era um símbolo muito antigo de Roma o qual, na verdade, vinha da tradição e do mundo etrusco.
O fascio é uma série de feixes de varas que unidas e amarradas juntas são indestrutíveis. Tinha múltiplas funções: poderia ser utilizado tanto como utensílio agrícola, como arma de guerra, sobretudo quando se unia a ponta de um machado.
Esse foi outro símbolo amplamente adotado por Mussolini, inclusive o nome fascismo, vem do fascio, ou seja: algo de inseparável, invencível, indestrutível.
Na Itália ainda se encontra o feixe litório como decoração de prédios, fachadas e até em praças públicas, mesmo que muitas dessas decorações tenham sido arrancadas como o fim do fascismo. Os feixes se encontram em construções no estilo chamado racionalismo italiano ou arquitetura fascista.
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Respostas de 5
Excelente artigo. Estou escrevendo a história dos “40 Mártires de Sebaste”, no ano 320 dC.
Estou pesquisando tudo sobre a XII Legião Romana, fundada por Júlio César mais ou menos no ano 58 aC.
Se você publicar o artigo ma internet, depois posta o link aqui. História muito interessante!
Luciana:
Minha estimada Luciana:
Li seu belo artigo por acaso. Fui capturado por ele e fui até a última linha, sem parar. Conheço alguma coisa de Roma. Fui à esta cidade muitas vezes e , em todas, posso te assegurar com profunda emoção e reverencia. Mas teu conhecimento de tantos anos de convivência te concede uma autêntica cidadania à Romana. Meus parabéns!
Obrigado por partilhar tantos saberes e vivências.
José Maurício
Obrigada pela mensagem.
Todos os dias, vivendo na cidade, estudo um pouquinho, aprendo um pouquinho. E o bom é poder trocar saberes e impressões, afinal, todos temos a aprender uns com os outros.
Abs,
Luciana
Bom dia, Victor
Isso eu sei! O que eu queria explicar, e por isso coloquei entre parênteses é que na versão oficial ela se apaixona
por Marte, e am algumas versões por Apolo.
Um é um e outro é outro.
Obrigada e abraços,
Luciana