Michelangelo Merisi, popularmente conhecido como Caravaggio nasceu em 29 de setembro de 1571 (em Milão) e morreu em 18 de Julho de 1610 (em Porto Ercole, na Toscana), com 38 anos.
Seu pai trabalhava para Francesco Sforza, marquês de Caravaggio e é dessa localidade, que fica na província de Bergamo, que o pintor adotou seu nome artístico.
Hoje, ele é considerado um dos maiores nomes da arte mundial, mas nem sempre foi assim.
Durante a sua vida e mesmo muitos anos após a sua morte, não existia esse apreço e unanimidade em considerá-lo um grande artista. O reconhecimento só chegou no séc. 19.
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Carreira artística de Caravaggio
1584: O primeiro ateliê, em Milão, com Simone Peterzano
A sua vocação artística deve ter se manifestado muito cedo, porque sabemos que em 1584 ele trabalhava em Milão, como aprendiz no ateliê do pintor Simone Peterzano, que por sua vez tinha sido aluno de Tiziano.
O período de aprendizado durou quatro anos, e depois Caravaggio passou alguns breves períodos em Veneza, e talvez em Mantova.
Pode ser que, já a causa de algum episódio de brigas e confusões, o que será uma constante na sua vida, o artista muito provavelmente fugiu para Roma, onde chegou em 1592, com pouco mais de vinte anos.
1592: O segundo ateliê, em Roma, com Cavalier d’Arpino
Ao chegar em Roma, o jovem pintor ainda não tem uma carreira promissora e nem autonomia financeira. Seus pais haviam falecido.
Algumas fontes históricas citam que ele foi trabalhar para Monsenhor Pandolfo Pucci, que tinha um apartamento dentro do Palazzo Colonna.
Portanto esse trabalho de ajudante ou copeiro, garantia ao artista o que chamamos em italiano de vito e alloggio (comida e casa).
Com casa e comida mais ou menos garantidas, procurou um novo ateliê e foi trabalhar com um dos pintores mais requisitados de Roma: o Cavalier d’Arpino.
Apesar de ser um dos ateliês mais movimentados de Roma, d’Arpino lhe confiava somente a pintura de natureza mortas, sobretudo flores e frutas.
Um ano depois, vendo que não tinha possibilidades de exprimir completamente a sua arte, deixou o ateliê e passou por um dos piores períodos da sua vida. Era paupérrimo, vivia de caridade e frequentava os lugares mais mal afamados de Roma.
Sua vida era feita de brigas e amizades com prostitutas e, segundo as más línguas, “amizades muito próximas” com prostitutos também.
Primeira arte de Caravaggio: inspiração na realidade
Foi a crua realidade do submundo romano, personagens pobres, prostitutas, a dar as primeiras inspirações para que Caravaggio criasse um repertório de imagens.
Seus primeiros personagens eram jovens vestidos à “moda antiga”, circundados de naturezas mortas, algo que ele havia aprendido bem com o seu último mestre.
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1595: Exórdio com “Rapaz Mordido por um Lagarto “
Rapaz mordido por um lagarto (Ragazzo morto da un ramarro, National Gallery, Londres) é uma das obras que acredita-se que tenha sido pintada entre 1593 e 1595.
Já nesse primeiro quadro vemos uma das características que marcará toda a sua produção artística: o contraste entre a luz e a sombra.
Nesse quadro vemos um jovem, em posição frontal (há quem acredite ser um autorretrato), com um rosto que exprime a dor da mordida de um lagarto.
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Caravaggio em Roma: Encontro com a arte sacra e principais obras grátis nas igrejas
Em 1596, pintou um dos seus quadros mais famosos, o Baco (Galleria degli Uffizi, Florença) e em 1597 trabalhou em um quadro completamente dedicado à natureza morta: Cesta de Fruta (Pinacoteca Ambrosiana, Milão).
O sucesso desses primeiros três quadros fez com que ele conhecesse o cardeal Del Monte, que lhe ofereceu ajuda e moradia.
Esse encontro fortuito mudou temporariamente a vida do artista, porque graças ao cardeal, o pintor irriquieto entrou em contato com muitos nobres e personagens importantes, alguns protetores e mecenas que faziam parte de grandes famílias da aristocracia romana.
Nesse contexto religioso, uma vez que além do cardeal, muitas das famílias aristrocráticas que o protegiam, eram famílias de cardeais e papas, o artista pintou as suas telas mais famosas.
A primeira tela de caráter religioso foi Repouso durante a fuga no Egito (1596/1597, Galleria Doria Pamphili, Roma), mas o melhor ainda estava por vir: a trilogia de São Mateus.
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A trilogia de São Mateus na igreja de San Luigi dei Francesi
Graças ao apoio do cardeal Del Monte, Caravaggio conheceu um cardeal francês, Mathieu Cointrel, que encomendou um ciclo de telas para decorar a capela da sua família, a Capela Contarelli.
A capela fica na igreja de San Luigi dei Francesi (no caminho entre o Pantheon e a Praça Navona), igreja oficial dos franceses em Roma.
As obras se entitulam: A Vocação de São Mateus (1599-1600), O Martírio de São Mateus (1600-1601), e São Mateus e o Anjo (1602).
A Capela Contarelli é a última à esquerda próximo ao altar da igreja e, diariamente, reúne centenas de visitantes para admirar os quadros.
A Vocação de São Mateus foi a primeira obra de Caravaggio já encomendada para ser colocada em um lugar público, para que todos pudessem admirá-la.
Como o cardeal se chamava Mateus, foi feito o pedido para que os quadros retratassem a vida de São Mateus.
Igreja de San Luigi dei Francesi
Site: http://saintlouis-rome.net/
Endereço: Piazza di San Luigi dei Francesi
Dias e Horários:
Segunda à Sexta: 9:30-13h e das 14:30 às 18:30h; Sábado das 9:30 às 12:30 e das 14:30 às 18:30 e Domingos das 11:30 às 13h e das 14:30 às 18:30h.
Os dois Caravaggios “recusados” de Santa Maria del Popolo
Depois do sucesso da trilogia de São Mateus, ele foi convidado para pintar duas telas para a Capela Cerasi, na Igreja de Santa Maria del Popolo.
As duas telas A crucificação de São Pedro e A Conversão de São Paulo eram dois temas já pintados algumas décadas antes por um outro e bem mais famoso Michelangelo, sim, Michelangelo Buonarroti.
Os dois afrescos de Michelangelo se encontram no Vaticano, mais precisamente na Capela Paolina.
Localizada na Piazza del Popolo, e ao lado da Porta del Popolo, uma das antigas portas dos muros que protegiam Roma, a igreja começou a ser construída ano ano 1099.
Nela há obras de importantíssimos artistas como Pinturicchio, Rafael Sanzio e Bernini, somente para citar nomes já conhecidos pelos amantes das artes.
No caso de Caravaggio, foram escolhidas duas posições laterais, que não permitem que os quadros sejam vistos frontalmente.
Não se sabe bem por qual motivo, mas ele teve que pintar cada uma das telas duas vezes, porque a primeiro versão do trabalho não agradou.
Não será a primeira e nem a última vez que seus quadros foram recusados. Ora acusados de serem muito sensuais e quase imorais, outrora acusados de retratarem a realizade de maneira muito cruenta.
Seus quadros recusados, hoje fazem parte de coleções privadas, na Itália e mundo afora.
Basílica di Santa Maria del Popolo
Site: http://www.santamariadelpopolo.it/it/?lang=it
Endereço: Piazza del Popolo 12
Dias e Horários: Segunda a Quinta 7:15-12:30 / 16-19h
Sexta e Sábado: 7:30-19h
Domingos e Feriados 7:30-13:30 / 16:30-19:30
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Os peregrinos dos pés sujos na Basílica de Sant’Agostino
Na Basílica de Santo Agostinho se encontra um dos quadros mais realistas do artista, entitulado Nossa Senhora de Loreto ou Nossa Senhora dos Peregrinos.
O grande sucesso da obra deve-se ao estado mal ajambrado dos peregrinos que, descalços, se ajoelham diante da Nossa Senhora, com os pés completamente sujos. Como realmente deveriam ser os pés de pessoas que caminharam quilômetros e quilômetros para chegar a uma meta.
Muito provavelmente a modelo para a imagem de Nossa Senhora era uma das muitas prostitutas que o artista frequentava. Maria foi retratada de maneira muito sensual, com uma blusa decote e com a perna cruzada, quase como se estivesse pousando para uma foto.
Na igreja também há um afresco de Rafael Sanzio, entitulado Profeta Isaías.
Basílica de Sant’Agostino
Endereço: Piazza di Sant’Agostino
Horários: Todos os dias das 7:30-12h e 16-19h.
Mapa para você se localizar na caça aos quadros de Caravaggio grátis
Das três igrejas, duas estão bem pertinho uma da outra e, por sua vez, próximas ao Pantheon e à Piazza Navona.
Lista das obras de Caravaggio em Roma em exposição pública
Além das obras de Caravaggio que podem ser visitadas gratuitamente nas igrejas romanas acima citadas, existe um grande número de obras espalhadas pelos museus romanos.
Na verdade, esses não são os únicos quadros de Caravaggio em Roma, mas todos os demais pertencem a coleções privadas.
Bacchino malato (Galleria Borghese)
Buona ventura (Pinacoteca Capitolina)
Davide con la testa di Golia (Galleria Borghese)
Deposizione di Cristo (Pinacoteca Vaticana)
Fanciullo con canestro di frutta (Galleria Borghese)
Giuditta e Oloferne (Palazzo Barberini)
Maddalena penitente (Galleria Doria Pamphilij)
Madonna col bambino e sant’Anna (Galleria Borghese)
Narciso (Palazzo Barberini)
Riposo durante la fuga in Egitto (Galleria Doria Pamphilj)
San Francesco in preghiera (Palazzo Barberini)
San Giovanni Battista (segunda versão, Pinacoteca Capitolina)
San Giovanni Battista (terceira versão, Galleria Doria Pamphilj)
San Giovanni Battista (quinta versão, Galleria di Palazzo Corsini)
San Giovanni Battista (sexta versão, Galleria Borghese)
San Girolamo scrivente (Galleria Borghese)
Filmes e Documentários sobre Caravaggio
Em sites como YouTube é possível encontrar um grande número de vídeos sobre Caravaggio, mas existem duas produções que valem a pena indicar:
O primeiro é um documentário produzido pela TV Cultura, e se chama: Caravaggio – o mestre dos pincéis e da espada. Título muito bem escolhido e propício para um pintor que acumulou brigas, facadas e até um homicídio no seu currículo, enquanto pintava os quadros mais famosos da história da arte.
Em 2018, o canal de televisão Sky Arte lançou um filme intitulado Caravaggio – L’anima e il sangue, com a consultoria do importante professor e historiador da arte, Claudio Strinati.
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