Quem incendiou Roma é uma das perguntas mais famosas que se faz sobre o passado da Roma Antiga.
E quase sempre a resposta é que Nero foi o culpado pelo incêndio da cidade. Mas será que quase 2000 anos depois do fatídico e dramátivo evento, essa ainda é a versão da historiografia moderna?
O grande incêndio de Roma não foi a primeira e nem a última vez que a cidade foi destruída, mas foi o pior de todos os incêndios. Começou no dia 18 de julho de 64 d.C., e a maioria das fontes antigas é unânime em afirmar que o incêndio durou 9 dias e que foram destruídos 2/3 da cidade.
Tudo começou quando uma das lojas ou depósitos de comerciantes que se encontravam no Circo Máximo começou a pegar fogo, exatamente entre o dia 18 e 19 de julho, em plena noite de verão.
Depois que a cidade queimou por seis dias consecutivos e parecia que o incêndio de Roma finalmente tinha cessado, as chamas se reacenderam e a cidade queimou por mais três dias.
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A cronologia do grande incêndio de Roma
Uma das principais e mais notas fontes do incêndio é o histórico Tácito. Ele afirma que Roma começou a pegar fogo quando alguns armazéns com bens inflamáveis se incendiaram. Em especial alguns ambientes que ficavam no Circo Máximo, ou imediatos arredores.
Como uma noite de verão quente, mas com ventos oriundos da África, as chamas de alastraram rapidamente por todo o Circo Máximo, e dali alcançaram o Palatino, onde ficava a residência imperial.
A cidade era cheia de becos e ruelas, com casas coladas umas às outras, e prédios que chegavam a ter sete andares, porém, muitos andares eram construídos de madeira. Por isso foi muito fácil e rápido para o propagar-se do fogo.
Infelizmente não existiam áreas livres que pudessem frear a difusão do fogo. Muito pelo contrário, ele passava de casa em casa, de loja em loja. Foi um salve-se quem puder.
Além disso os bombeiros nunca tinham enfrentado um incêndio tão devastador. As mangueiras que funcionavam com bombeamento não tinham grande pressão para apagar o incêndio.
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Com o fato de as construções serem altas e muito próximas umas às outras, os bombeiros também enfrentaram muitos desmoronamentos.
Todos procuravam fugir da cidade, carregando o que podiam levar consigo. As estradas ficaram cheias de pessoas, muitas correndo o risco de serem pisoteadas. O caos imperou, e foi a oportunidades para criminosos e saqueadores tentarem entrar nas casas abandonadas para roubar objetos, ou aproveitar da confusão para roubar mercadorias das lojas que ainda não tinham pego fogo.
Os escritores da antiguidade nos contam que alguns grupos botavam fogo nas casas que ainda não tinham sido alcançado pelas chamas, de modo que os moradores fugissem assustados e eles pudessem cometer furtos e outros delitos.
No sexto dia, quando o fogo parecia ter sido domado, novos focos recomeçaram a queimar, fazendo com que Roma ardesse em chamas por mais três dias, totalizando nove dias de incêndio.
Nero mandou incendiar Roma? Quem é o culpado pelo incêndio de Roma?
Quando Roma começou a pegar fogo, Nero era imperador da cidade há 10 anos e tinha 27 anos.
Nero e sua esposa Poppea não estavam em Roma, mas em uma fantástica vila imperial que se debruçava para o mar de Anzio, a sua cidade natal.
Foi necessário que chegasse uma comunicação de Roma até o imperador, que não exitando, retornou à capital o mais rápido possível. Sua presença na cidade era muito importante, não só para avaliar os prejuízos, como para que todas as medidas necessárias fossem tomadas pelo homem que comandava o império romano.
Nero mandou abrir edifícios públicos e jardins para acomodar os desabrigados, e tomou todas as medidas para que essas pessoas tivessem do que se alimentar.
O imperador também mandou que fossem emanadas leis que proibisse que, no momento de reconstruir a cidade, edifícios fossem construídos colados uns aos outros, e que se deveria respeitar um certo espaço.
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Logo que o incêndio cessou o imperador também mandou reconstruir alfuns dos principais monumentos e edifícios da cidade.
Aproveitando que a cidade tinha pego fogo, Nero mandou construir um plano urbanístico mais moderno. Incluindo um grande complexo, para que fosse a sua residência pessoal, e que se chamava Domus Aurea. A “Casa Dourada” substituiu a casa anterior do imperador (Domus Transitoria) que também pegou fogo no incêndio de Roma.
Mas a verdade é que apesar de vários historiadores nos contarem o máximo esforço feito por Nero para salvar, em primeiro lugar, e depois para reconstruir a cidade, o imperador não tinha uma boa reputação.
Seu governo havia iniciado de maneira iluminada, tendo Sêneca como seu principal conselheiro e preceptor, mas depois do assassinato deste, o imperador iniciou um governo despótico e sanguinolento.
Algumas teorias sobre o incêndio: Nero culpado ou inocente?
Para que entendamos um pouco mais sobre como Roma pegou fogo, é necessário falar de algumas fontes antigas como Plínio o Velho, Cássio Dio, Suetônio, Tácito, Marco Rufo.
Fazendo uma pequena síntese, essas são as principais teorias sobre o incêndio da cidade:
Nero teria incendiado Roma para construir uma nova cidade
Segundo Tacito, um dos motivos que teria feito Nero tacar fogo em Roma, seria o de seguir os conselhos de um dos seus terríveis conselheiros. O objetivo, ao destruir Roma, seria construir uma cidade moderna, com tons helenísticos ou egípcios, e chamá-la de Neronia ou Nerópolis.
A única alternativa viável para que se reconstruísse uma nova cidade, seria tacar fogo em Roma.
Nero teria incendiado Roma por pura loucura ou sadismo
Existe por aí uma forte crença de que Nero observava Roma pegando fogo, e ao mesmo tempo cantava e tocava uma lira.
Essa notícia nos é dada por Cássio Dio.
Segundo essa teoria, teria sido Nero a pagar algumas pessoas para que tacassem fogo nas partes das cidade que ainda não tinham sido tocadas pelas chamas. Inclusive essa era a explicação dada para o fato que após o incêndio quase cessar no sexto dia, depois tivesse voltado com força total. Tudo teria sido culpa da mente diabólica de Nero.
Nero é culpado pelo incêndio porque rapidamente acusou os cristãos
Procurando livrar-se rapidamente da culpa de ter tacado fogo em Roma, Nero acusa os cristãos.
Começa assim uma das maiores perseguições aos cristãos, e desse evento, segundo a tradição católica apostólica romana, teria culminado a morte de muitos discípulos de Cristo, incluindo São Pedro e São Paulo.
Alguns livros interessantes sobre Roma:
- Nero e seus herdeiros
- Imperador Nero: A vida e história de um dos imperadores romanos mais sanguinário de todos os tempos
- O grande incêndio de Roma (64 d.c.): e sua contribuição na gestão de segurança contra incêndio e pânico
- Cleópatra: A rainha que desafiou Roma e conquistou a eternidade
Algumas considerações a cerca da inocência do Nero
Alguns escritores antigos como Flávio Josefo e Marcial, apesar de serem muito contrários a Nero, o consideram inocente.
Até mesmo Tácito, quando conta fatos negativos que ligam Nero ao incêndio, afirma não acreditar nos fatos, mas pelo sim, pelo não, reproduz tudo aquilo que eram “os boatos” da época. Por simples crônica histórica.
Nero era a pessoa que mais tinha a perder com um incêndio dessa dimensão.
Apesar de alguns acontecimentos nefastos, o seu governo contava com o máximo consenso por parte da plebe, que o considerava seu defensor absoluto.
Justamente por isso Nero sabia que se acontecesse qualquer catástrofe em Roma, como efetivamente foi o incêndio, o Senado, as famílias aristocráticas e os intelectuais (seus opositores políticos) se aproveitariam da situação para “colocar sua cabeça a prêmio”.
Nero já estava em uma situação de ampla oposição com a aristocracia, por isso, seria fatal que ele perdesse o apoio da plebe. Isso significaria a perda do seu lugar como homem mais importante do império romano.
Ele culpou os cristãos e toda a cultura cristã que surgiu no ocidente nos séculos a seguir, ajudou a fomentar que Nero tinha acusado os cristãos para cobrir a sua culpa.
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O mais plausível é que o incêndio de Roma tenha começado de maneira casual. A cidade tinha muitas construções irregulares e em madeira, o que acelerava uma catástrofe de tal dimensão.
Os bombeiros não tinham treinamento constante e exclusivo para apagar incêndios. Em caso de necessidade, também trabalhavam como guardas municipais ou outras atividades para garantir o funcionamento da cidade.
Importante também é o fato que Roma já contava com pelo menos um milhão de habitantes, e grande parte da população vivia amontoada em construções populares e sem segurança. A especulação imobiliária era altíssima.
Portanto, com certeza, das muitas culpas que Nero teve, uma das quais não há motivo lógico para acusá-lo é a que “Nero botou fogo em Roma”! A história parece tê-lo absolvido.
E você? O que acha? Nero é culpado ou inocente?
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Respostas de 2
Exelente Documentário.
Muito rico em informações reais
Adorei.
Obrigada