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Roma Republicana: 478 anos de lutas pelo poder (509 a 31 a.C.)

Roma Republicana ou Idade Republicana de Roma é o período da história da Roma Antiga que iniciou em 509 a.C. após a expulsão de Tarquinio Superbo, último dos sete reis de Roma.

A República se concluirà em 31.a.C., com a batalha de Otaviano (futuro imperador de Roma, quando adotará o nome de Augusto) contra Marco Antônio e Cleópatra, a famosa batalha de Ácio, localidade que se encontra na Grécia.

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O fim da monarquia e a instauração da República

Existe uma história, dentre as muitas lendas que contam as origens de Roma, de que a monarquia se extingiu devido a um assédio, seguido de estupro, que culminou em um dramático suicídio.

Os protagonistas dessa história foram: Sexto Tarquínio (filho primogênito do rei Tarquínio Superbo), Lucrécia (mulher da aristrocracia romana) e seu marido Lúcio Colatino (político romano).

Tarquínio e Lucrécia, Pieter Paul Rubens (1610), Museu Hermitage (Rússia)

O historiador antigo Tito Lívio nos conta que Lúcio Colatino convidou Sexto Tarquínio para jantar em sua casa, e que esse, chegando lá, ao conhecer Lucrécia, ficou enlouquecido por ela. Sexto decidiu que Lucrécia seria sua a qualquer preço.

Aproveitando-se da ausência de Lúcio, o filho do rei fingiu passar pela casa do casal para uma visita. Lucrécia o acolheu com bem, com toda a hospitalidade de uma mulher da aristocracia para com o filho do rei, mas com muito pudor.  Aproveitando-se da sua boa vontade, ele pegou a espada e a obrigou a ter relações sexuais com ele.

Antes de estuprá-la teria dito: “Cale a boca! Sou o filho do rei e se você gritar, eu te mato”.

Lucrécia não cedeu. Mas Sexto continuou fazendo ainda mais ameaças. Disse que a estuparia, a mataria, depois mataria um dos seus escravos, colocaria os corpos nus juntos, e depois espalharia para toda Roma que Lucréria era amante de um dos seus escravos.

Diante da possibilidade de ser estuprada e desonrada, ela cedeu a Sexto.

Após o estupro, Sexto foi embora. Lucrécia mandou um bilhete para o pai e outro para o marido, pedindo que eles viessem para casa o mais rápido porque havia acontecido algo horrível. Pediu também para que o marido trouxesse uma testemunha.

Tarquínio e Lucrécia, Tiziano (1571), Fitzwilliam Museum (UK)

Ao chegarem em casa, Lucrécia contou o que havia acontecido e se suicidou na frente dos três homens.

O pai, o marido e o amigo que serviu de testemunha Lúcio Júnio Bruto resolveram se vingar e iniciaram uma revolta popular para expulsar o último rei de Roma.

Obviamente o fim da monarquia e o início da república romana não foi uma fase pacífica, porque Tarquínio Superbo tentou várias alianças militares para invadir Roma e reaver o poder, o que não foi possível.

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Quando aconteceu o crime que resultou na expulsão, Tarquínio Superbo estava nos campos de batalhas fora de Roma.

Então, nos seus primeiríssimos momentos, a história da Roma Republicana foi de duas facções: de um lado Lucio Colatino e Lúcio Júnio Bruto liderando a aristrocracia que não aguentava mais ter um rei. Do outro lado Tarquinio Superbo tentanto reaver o poder.

Busto de Lúcio Júnio Bruto, conhecida como Bruto Capitolino (Museus Capitolinos, Roma)

O rei foi exilado em Cuma, onde morreu no ano 485 a.C. Sua morte foi motivo de grandes comemorações em Roma, porque assim não haveria mais nenhum verdadeiro opositor ao novo sistema político: a República.

Em um primeiro momento as novas autoridades a governarem romano foram os cônsules. Para que o poder fosse equilibrado, eram eleitos dois consules que governavam conjuntamente e a eleição acontecia anualmente. O consulado era o mais alto grau de magistratura, era o supremo poder civil e militar.

Somente um poder era mais alto do que o do cônsul, o do ditador. Mas a ditadura era uma magistratura escolhida somente em casos raros e extraordinários. O último ditador de Roma foi Júlio César, que “convenceu” o Senado a elegê-lo como ditador perpétuo.

Junto com os cônsules, existia uma assembleia de cidadãos que tinha o poder de abrogar ou aprovar as leis, e eleger os cônsules. Essa assembleia se chamava Senado.

Apesar do moto do senado ser SPQR (O Senado e o Povo Romano), a verdade é que o senado era formado pelos patrícios, ou seja, membros das famílias aristocráticas que depuseram a monarquia. Por isso dizemos que Roma tinha uma república aristocrática.

Os dois primeiros cônsules de Roma foram Lúcio Colatino e Lúcio Júnio Bruto, considerados os pais da República de Roma. 

Uma vez que a vida política de Roma estava organizada sob uma nova forma de governar, foi o momento de a cidade se armar e expandir os seus limites territoriais.

Muitos povos inimigos de Roma haviam visto no fim da monarquia uma chance de invadir a cidade e dominá-la. O que não acontecerá, muito pelo contrário.

Com guerras que duraram cerca de 100 anos, Roma garantiu a sua hegemonia no centro da Itália. Depois disso foi o momento de conquistar o restante da península. Esse período de expansão do poder com guerras itálicas se encerra com a Guerra de Pirro, em 275 a.C.

A segunda fase da Roma Republicana: 275 a 146 a.C.

Todas essa cruentas vitórias fez com que Roma se sentisse cada vez mais forte, e já não bastava mais conquistar a península itálica. Tinha chegado a vez de se expandir no mediterrâneo.

A briga pela egemonia pelo comércio marítimo e pelo controle do mediterrâneo pouco a pouco vai derrubar vários povos e serão feitas muitas e mutáveis alianças políticas, como se fosse o jogo de tabuleiro War.

Sala de Anibal, Museus Capitolinos (Roma)

Chegou-se a um ponto que as duas grandes rivais eram Roma e Cartago. Cartago (localizada onde hoje encontra-se a Tunísia) era a maior potência naval da época. Fazendo uma comparação com algo que vivemos em tempos mais recentes, seria como a rivalidade entre Russia e EUA, após a segunda guerra mundial e durante os tempos da guerra fria.

Porém, uma das grandes diferenças é que a guerra entre Roma e Cartago não foi nada “fria”, pelo contrário. Essas batalhas passaram à história com o nome de guerras púnicas.

No total foram cerca de 80 anos de conflitos divididos em três guerras: a primeira guerra púnica (264 a 241 a.C.), a segunda guerra púnica (241 a 238 a.C.) e a terceira guerra púnica (149 a 146 a.C.)

A segunda guerra púnica teve dois personagens absolutamente “mitológicos”: Anibal Barca. Considerando um dos maiores generais do mundo antigo, traçou um plano mirabolante para invadir a Itália: atravessou os alpes, e seu exército era precedido por uma série de elefantes, animal praticamente desconhecido na Itália daquele tempo.

Seu rival foi o grande Publio Cornelio Scipione, chamado de Scipione Africano. Enquanto Anibal tacava terror na Itália, o plano de Scipione foi invadir e atear fogo em Cartago. Isso fez com que o exército de Anibal desistisse de conquistar Roma e voltasse para casa.

Considerem que Anibal passou 12 anos “tocando” o terror na península itálica e descendo dos alpes, conseguiu quase chegar às portas de Roma.

Ao invés, Scipione Africano é dedicada uma frase do hino da Itália quando diz “dell’elmo di scipio s’è cinta la testa”.

Com a vitória, Roma consolidou seu poder no mediterrâneo, sobretudo alguns territórios estratégicos como: a Sicília, a Sardenha, a Córsega e a Espanha.

A segunda fase da Roma Republicana também foi o período das guerras gálicas e da conquista de outros povos e territórios como a Grécia, a Macedônia e a Ásia Menor (hoje a Turquia). Todos esses territórios tinham algo em comum: falavam grego.

Apesar de Roma ter conquistado o mundo elenístico, aconteceu uma contra-conquista: o estilo de vida, a religião, os costumes, a política, os estudos gregos conquistaram completamente a cultura romana.

A partir desse momento, qualquer romano “bem de vida” será bilíngue e também falará grego.

A terceira e última fase da Roma Republicana: de 146 a 31 a.C.

Antes de citar os principais fatos da terceira e última fase da Roma Republicana, é importante elucidar um fato. Muitos historiadores consideram que a República termina com a ascenção de Otaviano ao poder, e sua escolha como primeiro imperador de Roma. Esse fato ocorreu em 27 a.C.

A verdade é que a morte da Roma Republicana aconteceu oficialmente em 31 a.C., quando Marco Antônio e Cleópatra foram derrotados.

Cenotáfio dos Gracchi, Eugene Guillaume, Musée d’Orday (Paris)

Portanto, é normal ver as duas datas: 31 a.C e 27 a.C citadas como o final da república.

O que aconteceu nesse pouco mais de um século da fase final da República de Roma?

Com a conquista de novos territórios dentro e fora da “Europa” (colocada entre aspas porque ainda não existia minimamente o conceito de Europa na época), Roma se tornou uma potência invincível e muito rica.

Do Oriente chegavam pedras preciosas, seda, alimentos e animais “exóticos”, além de uma grande quantidade de escravos. Muitos deles eram os prisioneiros de guerra.

Apesar de rica, aconteceram vários conflitos internos a serem resolvidos.

O primeiro deles é o que podemos chamar de guerra pela reforma agrária. Com a chegada de mão de obra escrava em abundância, os grandes latifundiários não contavam mais com os pequenos agricultores para trabalharem a terra. Roma se encontrou então com um grande número de camponeses desempregados.

Além disso, os pequenos proprietários de terras, os quais não possuíam modo de comprar escravos, tinham que competir com os grandes latifundiários, muitas vezes perdendo as suas terras.

Obviamente isso deu origem a uma grande revolta social, que teve como símbolo os irmãos Gracco (Caio Gracco e Tiberio Gracco). Eles foram eleitos representantes da plebe e fizeram com que fossem aprovadas muitas leis para defender os pequenos proprietários. Infelizmente, foram assassinados a mando dos grandes latifundiários, que eram representados pelo Senado e pelo partido dos patrícios.

Após o assasinato dos irmãos Gracco, aconteceu uma forte cisão política. De um lado Sila, que representava a classe aristrocrática, e do outro lado Mário, que representava a plebe. Compreendam que nesse momento, na plebe estavam incluídos muitos cidadãos que não tinham origem nobre, mas que haviam enriquecido graças ao comércio, por exemplo.

Pela primeira vez Roma não lutava contra inimigos externos, mas a guerra era entre seus próprios cidadãos, em busca da defesa de seus direitos (plebe) ou de seus privilégios (aristocracia). A vencedora dessa guerra entre romanos será a facção de Sila.

Esse período será marcado pelo que conhecemos como guerras sociais, o que hoje em dia conhecemos como guerra civil. Para complicar ainda mais a situação, várias populações itálicas reivindicam a cidadania romana, em busca de terem o mesmo tratamento e direitos que os romanos (exemplo: poder comprar terras).

Se não bastasse, também houve uma série de revoltas de escravos, e a mais famosa de todas foi aquela liderada por Spartacus, repressa em 71 a.C.

Apesar das muitas guerras e conflitos na sua política interna, a política expansionista e externa estava obtendo sucesso. Graças a Gneo Pompeo Magno, os domínios de Roma se extenderam até a Capadócia, Armênia, Judeia, Síria e Palestina.

Os romanos também chegam à Pérsia e Mesopotâmia (atuais Irã e Iraque), porém nessas duas regiões sem grandes sucessos militares.

Rosto de Júlio César, Museus do Vaticano

No âmbito interno, despontou um novo líder: Caio Júlio César. Com suas campanhas militares conquistou a Gália, nas famosas Guerras Gálicas. O conflito ocupou toda a década de 50 a.C.

Ao final, César vitorioso marchou para Roma, conquistou o triumvirato junto com Pompeo e Crasso. Após a morte de Crasso (o cidadão mais rico de Roma), iniciou uma segunda guerra civil pelo poder, vendo como protagonistas César e Pompeo.

César forçou o Senado a lhe dar o título de ditador perpétuo. Ganhando cada vez mais antipatias os senadores começam a suspeitar que César queira tomar o poder para si e se proclamar rei de Roma.

Morte de César, Vicenzo Cammucini (1806), Museo Capodimonte, Nápoles

Desse modo, o assassinam no dia 15 de Março de 44 a.C. Um dos assassinos é Marco Júnio Bruto, conhec do por nós como o Brutus da famosa frase shakesperiana “Até tu, Brutus?”.

Defensor da República, se dizia descendente de Lúcio Júnio Bruto, o homem que tinha fundado a República.

Por isso, de certo modo, se sentia autorizado a tudo para defendê-la, inclusive assassinar César.

Passarão ainda quatro anos até que o Otaviano, sobrinho-neto de Júlio César, subirá ao poder em 31 a.C. como imperador de Roma.

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