Rafael Sanzio (latinização do sobrenome original Santi) foi um dos mais importantes pintores italianos. Apesar da sua vida breve (morreu em 1520 aos 37 anos de idade), teve uma grande produção tanto em termo de quantidade como de qualidade.
Os artistas da sua época o chamavam de “príncipe dos pintores” pelo seu estilo cortês, gracioso, requintado e minucioso.
Rafael Sanzio nasceu em Urbino, cidade da região Marche em 1983. Seu pai era um pintor e intelectual a serviço da refinada corte da família Montefeltro. Portanto, ele teve contato com a arte desde sempre já no seu ambiente doméstico.
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Rafael Sanzio e os primeiros anos de produção artística
Ao ficar órfão aos onze anos de idade, Rafael foi mandado para Perugia, na região Umbria, onde pode fazer seu aprendizado junto a um grande pintor italiano da época: Pietro Perugino.
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Perugino foi mestre e pintor do ciclo de afrescos da Capela Sistina (Histórias de Moisés e Histórias de Cristo) na fase anterior a Michelangelo.
Esse encontro fenomenal entre o grande mestre e o artista ainda adolescente, é considerado por muitos, uma oportunidade única e importantíssima na vida de Rafael.
Com Perugino ele aprendeu rapidamente um estilo suave, delicado, elegante. Mas do seu próprio talento, Rafael estudou um maior uso da luminosidade e também um uso articulado do espaço e da perspectiva.
Um dos primeiros trabalhos importantes é o fragmento de um retábulo, intitulado, Angelo dalla Pala di San Nicola da Tolentino, o qual foi pintado entre 1500-1501 e hoje está na Pinacoteca de Brescia.
A primeira obra-prima famosa de Rafael: O casamento da virgem
Em 1504, Rafael produziu aquele que é considerado a sua primeira obra-prima: O casamento da virgem.
Trata-se de uma passagem contida em um dos evangelhos apócrifos: Maria, que havia sido educada com outras jovens no Templo de Jerusalém, estava à procura de um marido, e o sacerdote havia estabelecido que o esposo deveria ser indicado com um sinal milagroso.
Vários jovens pretendentes receberam um galho seco, mas somente aquele dado a Giuseppe floresceu. Por isso, ele foi escolhido como o esposo de Maria.
Coincidentemente (ou não), esse tema já havia sido pintado pelo seu mestre Pietro Perugino (hoje, parte do acervo do Museu de Belas Artes de Caen, na França).
Nesse quadro, Rafael teve somente não só a chance de mostrar seu enorme talento na pintura, mas também o estudo da arquitetura e da perspectiva. A obra é considerada o resultado mais complexo da perspectiva que derivou dos primeiros estudos do uso prospético do século anterior ao seu.
Um dos maiores nomes que pode ter influenciado Rafael no uso da perspectiva no espaço pintado, foi o mestre Piero Della Francesca.

Rafael em Florença com os grandes mestres
Por volta do final de 1504, a duquesa de Urbino deu uma carta de apresentação a Rafael, que partiu para o mercado mais flórido da época: Florença, o berço do Renascimento.
Nessa época também estava se fortalecendo muito o mercado da arte em Roma, sobretudo em âmbito eclesiástico, afinal, em 1503 havia começado a faraônica obra de reconstrução da Basílica de São Pedro.
Rafael encontrou uma Florença já na época que chamamos de “renascimento maduro”, ou seja, os grandes mestres da pintura, da arquitetura e da escultura já haviam deixado suas marcas nesse novo estilo.
Apesar de Florença ter passado por anos de revolta políticas e sociais, estava vivendo um período mais do que excelente do ponto de vista artístico: Leonardo, Michelangelo e outros nomes de primeira grandeza trabalhavam na cidade e/ou para clientes florentinos.
Inicialmente, o jovem pintor ficou fascinado pelas novidades pictóricas de Leonardo, sobretudo pelo uso da esfumatura. Mas logo a sua atenção foi capturada por um gênio em ascensão: Michelangelo.
Inspirando-se nesses dois grandes mestres, Rafael deixou de lado o estilo do seu mestre Perugino, mas soube fazer uso de tudo o que tinha aprendido, unindo a harmonia, a beleza e a inspiração clássica.

Rafael em Roma: artista célebre da corte pontifícia
Em 1508, enquanto Michelangelo concluía o teto da Capela Sistina, Papa Júlio II convocou Rafael para decorar seus novos aposentos.
Esse convite significou “a grande virada” na carreira do jovem Rafael o qual, com vinte e cinco anos, se transformou no artista mais solicitado de Roma, como também já era Michelangelo.
Porém, à diferença de Michelangelo que preferia trabalhar do modo mais autônomo e solitário, Rafael cercou se de um grupo de discípulos, os quais ele já tinha começado a selecionar desde a sua passagem por Florença.
Com isso, junto a artistas excelentes, o “príncipe dos pintores” pôde dar vida a um dos ateliês de produção pictórica mais importantes do século 16.
Junto com Michelangelo e Bramante, Rafael se tornou uma figura indispensável no cenário artístico romano. Mas à diferença de seus colegas, ele era uma pessoa muito mais diplomática, e não criava polêmicas, respeitando bastante o gosto e a escolha dos clientes.
Parte do seu amadurecimento como artista, também se deu o fato de ter podido observar (provavelmente escondido) o trabalho fenomenal que Michelangelo estava fazendo na Capela Sistina.
Le Stanze di Raffaello: As Salas de Rafael no Vaticano
Papa Júlio II chamou Rafael a Roma porque ele não queria dormir nos aposentos herdados do papa anterior: o temível Alessandro VI Borja. Os apartamentos Borja tinham sido esplendidamente decorados por um importantíssimo artista: Pinturicchio.
Rafae começou então a pintura de 4 ambientes sob o pontificado de Júlio II, e após a morte do papa, continuou sob o pontificado de Leão X. Quando Rafael faleceu, as pinturas (que já haviam sido esboçadas e predispostas pelo artista) foram terminadas pelos seus colaboradores.
As 4 salas, conhecidas como Salas de Rafael, são: Stanza di Eliodoro, Stanza dell’Incendio di Borgo, Stanza della Segnatura, Stanza di Costantino, com um programa iconográfico requintado.

A Escola de Atenas
Um dos afrescos mais famosos, localizado na Stanza della Segnatura, é a Escola de Atenas, pintado entre 1508 e 1511.
O tema da pintura é a exaltação da verdade racional, ou seja, como a alma humana conhece a verdade através da ciência e da filosofia.
No templo do saber são pintados vários filósofos famosos da antiguidade, enquanto discutem suas respectivas teorias em um estimulante confronto.
A arquitetura do templo é imponente e cenográfica e, de certo modo, inspirada nos pilares que Bramante tinha projetado para a nova Basílica de São Pedro. Na pintura, Rafael faz um uso perfeito da perspectiva.
No centro da figura estão os dois filósofos: Platão (que tem o rosto de Leonardo Da Vinci) e que com o dedo aponta para o céu, dizendo que o mundo das ideias é a única realidade válida, enquanto Aristóteles (com o rosto do Laoconte) aponta para o chão, indicando que a única realidade válida é a dos sentidos.
No entorno, encontram-se vários outros filósofos, matemáticos, cientistas e o interessante é que Rafael acrescentou Heráclito, sentando, pensativo e com o queixo apoiado nas mãos. No seu rosto é retratado o rosto de Michelangelo.
O interessante é que no esboço original (conservado na Pinacoteca ambrosiana de Milão), inicialmente Rafael não havia desenhado Heráclito/Michelangelo. Essa foi uma homenagem pensada em um segundo momento.
Muitos historiadores da arte afirmam que Rafael acrescentou Michelangelo após ter visto escondido o trabalho do colega na Capela Sistina.
Rafael na Capela Sistina: a Tapeçaria
Entre 1514-1515, quando Michelangelo já havia pintato o teto da Sistina, e décadas antes de Michelangelo voltar à Sistina para pintar o Juízo Final, Papa Leão X deu duas incumbências a Rafael: presidiar as obras da basílica de São Pedro após a morte do Bramante (o arquiteto até então responsável pelo canteiro) e projetar dez tapetes monumentais para decorar as paredes da Capela Sistina.
Rafael preparou então dez “cartoni” (desenhos preparatórios) com a histórias dos santos padroeiros de Roma: São Pedro e São Paulo.
Os tapetes foram realizados em Flandres, naquela que era a tapeçaria mais importante da Europa: o ateliê de Pieter van Aelst e foram tecidos entre 1517 e 1518.
Por motivo de conservação, hoje os tapetes não ficam mais expostos na Capela Sistina, mas na Pinacoteca dos Museus do Vaticano, em uma sala dedicada a Rafael. Geralmente são expostos aleatoriamente e em média 5-6 tapetes de cada vez.
Nesse interim, é importante ressaltar que Rafael com a sua equipe trabalharam também na Villa Farnesina (localizada no bairro Trastevere), de propriedade no banqueiro Agostino Chigi, parente do papa Alessandro VII Chigi, e também na Villa Madama, a pedido do papa Leão X de’ Medici e do seu sobrinho cardeal Júlio de’ Medici (futuro papa Clemente VII).

La Fornarina: retrato da amada de Rafael
La Fornarina é um quadro pintado pouco antes da morte do pintor, e que hoje faz parte do acervo da Galleria di Arte Antica di Palazzo Barberini, em Roma.
O quadro estava no estúdio de Rafael e fazia parte da sua coleção pessoal. Apesar de muitas controvérsias, a jovem no quadro seria Margherita Luti, filha de um padeiro (Fornaio, em italiano) do bairro Trastevere e que era a amada do pintor.
No bracelete que a jovem carrega no seu braço, está a assinatura do pintor: Raphael Urbinas.
O fato que os traços da Fornarina sejam identificados no quadro ganhou força a partir de críticas da arte e teorias do século 18. Portanto, a afirmação, apesar de fazer muito sucesso, não é isenta de dúvidas sobre a verdadeira identidade da modelo.
Mas como todos gostamos de uma história de amor, sobretudo entre uma jovem e simples padeira e um rico, poderoso, famoso e jovem artista. Essa versão logo ganhou muitos adeptos e defensores.
Trasfigurazione: a última pintura e morte de Rafael Sanzio
A última pintura pelas mãos de Rafael foi o grande retábulo com o tema da Transfiguração (1518-1520), mesmo que tenha sido completada por um dos seus ajudante mais célebres: Giulio Romano.
A composição é muito complexa e a cena se divide em dois episódios bíblicos: o evento principal, registrado na parte superior, mostra Cristo, elevado nos céus, entre o profeta Elias e Moisés, na presença dos apóstolos Pedro, Tiago e João.
O segundo episódios registrado na parte inferior do quadro mostra a consternação dos discípulos. Um pai procura ajuda para curar o filho endemoniado. O rapaz ataca dos discípulos. Natanael, Judas e Filipe não conseguem curar o rapaz.

Rafael morreu em 6 de abril de 1520 somente com 37 anos e ainda no pleno vigor criativo.
Muitos se perguntam como teria sido a sua produção se só tivesse vivido tanto como seus colegas Leonardo e Michelangelo, os quais morreram com 67 e 89 anos respectivamente.
Rafael foi sepultado no Pantheon e no seu funeral, a estrutura para carregar o caixão, tinha exposto o quadro da Transfiguração.
O quadro, que era destinado à Catedral de Narbone, na França, cujo cardeal era Júlio de’ Medici, acabou ficando em Roma. O cardeal gostou tanto da obra, que mandou colocá-la na igreja de San Pietro in Montorio, onde ele ficou até o final do século 17.
As tropas napoleônicas roubaram o quadro e o levaram para Paris, mas foi devolvido (junto com muito mais obras que retornaram da França à Itália) em 1815.

No MASP (São Paulo): o único quadro de Rafael no hemisfério sul
A Ressurreição de Cristo é um quadro de Rafael pintado muito provavelmente entre 1499 e 1502 é uma obra que detém um primato: é a sua única pintura no hemisfério sul.
A tela faz parte do acervo MASP, Museu de Arte de São Paulo.
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