A partir do 4 séc. d.C., o que antes era uma única entidade política e administrativa conhecida como império romano, passou a duas entidades: o império romano do ocidente (com capitais sucessivamente em Roma, Milão e Ravena) e o império romano do oriente, com capital em Bisanzio, depois batizada de Constantinópolis.
Ambos os impérios nasceram da influência deixada pela Roma Antiga. Mas por quê o império romano se separou?
Para compreender é necessário conhecer da reforma administrativa iniciada pelo imperador Diocleciano, com o intuito de defender um império que era grande demais, extenso demais, com fronteiras demais para defender, e com muitos conflitos internos que estavam minando a sua existência.
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Diocleciano: a primeira tentativa de dividir o império romano
Em 284 d.C. época em que o império romano estava em profunda crise (conhecida como a crise do terceiro século ou anarquia militar), o comando imperial caiu nas mãos de Diocle.
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Diocle, o qual adotou o nome de Diocleciano após ser aclamado imperador, era um militar de origem familiar humilde. Nascido na província romana da Dalmácia (hoje território que abriga a Croácia, Bósnia, e parte da Eslovênia, Sérbia e Albania, entrou para o serviço militar romano e durante a época do imperador Marco Aurélio era comandante de cavalaria.
Ao ser eleito imperador, o então general Diocleciano, pensou que era impossível defender um território tão amplo, e com muitas fronteiras passando por invasões e crises.
Ademais, algumas partes do império já estavam procurando a própria independência administrativa, como a tentativa de criar o Império da Gália e o Reino de Palmira.
Deste modo, Diocleciano pensou que era absolutamente necessário criar um novo sistema administrativo. Para isso, dividiu o império em duas administrações: um setor oriental, do qual ele era o comandante, e um setor ocidental, do qual o comandante era seu colega de exército, Maximiano.
A capital do setor oriental era Izmit (na Turquia) e a capital do setor ocidental era Mediolanum (hoje Milão, no norte da Itália).
Milão foi capital do império romano de 286 a 402, quando deu lugar à cidade de Ravena.
A tetrarquia de Diocleciano: o governo dos quatro
Em 293 Diocleciano introduziu mais uma reforma para reforçar a divisão administrativa do império: a parte ocidental seria dividida em duas partes administrativas. Uma delas controlada por um Augusto e a outra controlada por um César.
Para dar uma ideia mais condizente com o que temos no mundo moderno: o Augusto corresponderia a uma espécie presidente e o César a um vice-presidente. Cada um com o poder de controlar e comandar uma distinta área, mas o poder do César estava sempre submetida ao poder do Augusto.
Os dois Augustos (Diocleciano e Maximiano) tiveram como coadjuvantes dois Césares (Galério e Costanzo Cloro)
Constantino e o retorno do poder único
As reformas de Diocleciano deram grandes frutos, ajudaram a combater as invasões do império, e assim a tetrarquia garantiu vinte anos de estabilidade dentro do império romano.
Em 305 d.C., os dois Augustos abdicaram do poder, retirando-se a vida privata. Com isso os dois Césares (Galério e Costanzo Cloro) assumiram o poder máximo, ou seja, o cargo de Augusto, nomeando a sua vez dois novos Césares.
Costanzo Cloro escolheu seu filho Constantino como novo César. Massimiano escolheu seu filho Magêncio.
Com a morte de Costanzo Cloro, a tetarquia entrou em crise. Constantino se aproveitou da situação, derrotou e matou Magêncio, na famosa batalha da Ponte Mílvia (em Roma), no ano 313.
Com isso, pouco a pouco, a tetrarquia virou uma diarquia (com Constantino e Licínio). O império, a esse ponto, estava bem dividido culturalmente. A sede oriental estava em um território (Ásia Menor, hoje Turquia) onde a língua principal era o grego.
A sede ocidental tinha Roma como “capital simbólica” e onde ainda estava sediado o senado, mas a sede de comando era Milão. E no setor ocidental a língua principal era o latim.
Outra diferença importante é que, enquanto no oriente, Licínio era grande opositor do cristianismo, no ocidente, Constantino havia assinado o Edito de Milão, em 313, dando liberade de culto aos cristãos.
Em 324 d.C., Constantino deu um golpe, derrotou Licínio na batalha de Adrianópolis (hoje Edirne, na Turquia), e voltou novamente a reunir todo o império sob um único imperador. Um único dominus: Constantino como único comandante.
Apesar disso, estavam lançadas as bases para que daqui a mais alguns anos, o império voltasse definitivamente a ser dividido em império romano do ocidente e império romano do oriente, este também conhecido como império bizantino (da capital Bisanzio, hoje Istambul, na Turquia).
As bases para a criação do império romano do ocidente e império romano do oriente
Após ter derrotado Licínio, Constantino resolveu escolher a cidade de Bisanzio (pela sua posição central e estratégica) como capital da região administrativa do oriente. A rebatizou de Constantinópolis, chamando-a também de Nova Roma.
O que aconteceu nesse período? O fato da península itálica estar colada em vários povos que eram inimigos do império romano, fez com que esse território fosse constantemente atacado e que as fronteiras se encontrassem cada vez mais frágeis.
Enquanto isso, Constantinópolis florescia e se reforçava, verdadeira o que se esperava de uma Nova Roma.
Com a morte de Constantino, voltou a ser eleita uma tetrarquia, com a visão de Constantino e não a de Diocleciano: ou seja, uma tetrarquia, mas em um império governando por um único imperador.
Essa política que não estava nem lá nem cá, durou até 395. Com a morte do imperador Teodosio I, seus filhos Arcádio e Onório receberam em herança as duas partes do império e resolveram que a divisão seria, a partir de agora, definitiva: o império romano do ocidente e o império romano do oriente.
Além disso, a capital do império romano do ocidente mudou novamente de lugar: de Milão passou para Ravena, cidade do noroeste da Itália (na atual região italiana da Emilia Romanha), e assim como Constantinópolis, Ravena também tinha uma saída para o mar, o que fazia com que fosse fácil negociar com o Oriente.
A duração e queda do império romano do ocidente e do oriente
Em 410, a península itálica foi invadida por Alarico, rei dos godos. Depois também foi invadida pelo Unos de Átila, os quais, no entanto, ficaram na península somente até 452.
Em 476, Odoacre, um rei bárbaro da Panônia (região do império romano, atualmente a Áustria), depôs o último imperador romano do ocidente, Rômulo Augusto.
Portanto, 476 é o ano considerado oficialmente como a queda do império romano do ocidente.
Por pelo menos mais de dois séculos, houve várias tentativas de reconquista do território ocidental, por parte do império romano do oriente.
Mas o oriente também tinha que se defender de ataques, sobretudo dos persas, dos árabes muçulmanos e de alguns reinos cristãos. Por isso, apesar das campanhas militares de reconquista terem tido algumas vitórias importantes, para o império romano do oriente tornou-se impossível defender o próprio território e ainda tentar reconquistar o império romano do ocidente.
O império romano do oriente sobreviveu até 1453, ano em que a capital, Constantinópolis, foi conquistada por Maomé II, e virou então a capital do império otomano.
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Respostas de 5
Excelente resumo da história romana
Obrigada por compartilhar
Obrigada por comentar! Um abraço
Muito esclarecedor e sumarizado .Muito bom .
Carlos Michalski RJ Brazil
Muito bom.
Obrigada.