Pão e Circo, ou Panem et Circenses, em latim, é uma das expressões mais famosas do mundo antigo, quando se fala de como o poder público do Império Romano, com “comida e diversão”, conseguia manobrar politicamente o populacho.
Pelo menos uma vez na vida, quem nunca escutou falar dessa expressão latina? O significado de Panem et Circenses traduzido literalmente significa pão e (jogos) circenses.
O seu autor foi o poeta Juvenal, cujo nome completo era Décimo Júnio Juvenal. Ele era muito famoso pelas suas sátiras, nas quais analisava e criticava os hábitos e costumes da sociedade na Roma Antiga.
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Pão e Circo: o que nos dizia Juvenal na sua sátira?
[…] iam pridem, ex quo suffragia nulli / uendimus, effudit curas; nam sie dabat olim / imperium, fascio littorio, legiones, omnia, nunc se / continet atque duas tantum res anxius optat, / Panem et circenses – ‘[…],
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(…) há tempos, exatamente desde quando não temos a quem conceder o nosso voto, o povo perdeu o seu interesse pela política, e se antes era o povo a decidir a quem dar o poder, os feixes dos lictores, as legiões, enfim tudo; agora se deixa comandar e deseja ansiosamente somente por duas coisas: pão e jogos circenses’ (…)
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A expressão Panem et Circensis ou, em bom e velho português, Pão e Circo, encontra-se em uma das suas composições mais famosas, a Sátira 10, na qual também encontramos outra famosa locução latina: mens sana in corpore sano.
Com pão e circo o poeta explica a máxima aspiração social da plebe romana: distribuição gratuita do pão e os jogos de gladiadores nos circos (na verdade arenas romanas).
Na sátira 10, o poeta nos conta que a plebe estava totalmente anestesiada, que não aspirava a nada de melhor, e nem se revoltava com os grandes privilégios que as classes mais abastadas se concediam.
Para a plebe era suficiente a distribuição gratuita e periódica do grão (panem) e também que o governo garantisse a diversão gratuita, ou seja, assistir aos jogos (circenses).
Ou seja, o programa político da época, se baseava em uma espécie de “plano social”: barriga cheia e diversão gratuita.
Segundo Juvenal, era assim que uma minoria (políticos e a aristocracia) conseguiam controlar uma grande massa de pobres.
Ademais, segundo o poeta, com esses pequenos favores do Estado, o povo havia perdido completamente o seu senso crítico e o poder de decisão, acontentando-se de pouco ou quase nada: pão e assistir jogos de gladiadores, corridas de bigas e combatimentos entre animais.
Quem fizesse essas duas promessas ao povo, sabia muito bem que teria uma longa e promissora carreira política pela frente. Qualquer outro tipo de promessa concreta para melhorias na qualidade de vida do povo ficava em segundo lugar, e quase nunca eram mantidas.
Pão e Circo: Distribuição gratuita de comida e oferta de jogos como plataforma política
Na Roma Antiga era uma prática social muito difundida a de distribuir gratuitamemte o grão.
Todos os magistrados (cargos públicos que nem sempre correspondem ao nosso conceito atual de magistratura) e aqueles que tinham ambições políticas usavam do expediente de patrocinar a distribuição de comida aos pobres.
Mais popular ainda, seria o candidato ou o político que, além de distribuir comida, patrocinasse os jogos circenses.
A organização de um jogo, por exemplo, no Coliseu, custava muito caro. Eram necessários animais exóticos como leões, tigres, jacarés, elefantes, ursos, etc. (muitas vezes caçados na África ou nos bosques europeus), times de gladiadores e até condenados à morte massacrados na arena.
Uma das coisas que nenhum imperador ousaria fazer era aquela de deixar faltar o grão para o povo.
Grande parte do grão era trazido do Egito, que desde o 1 séc a.C., após a morte de Cleópatra e Marco Antônio, estava sobre dominação do império romano.
Qual é o significado de Pão e Circo nos dias atuais?
Quando Juvenal cunhou a expressão Pão e Circo, queria denunciar a demagogia, as falsas promessas políticas, mas, sobretudo, não eximia o povo das suas responsabilidades.
Talvez mais do que criticar os maus políticos, Juvenal queria que o povo abrisse os olhos, que não aceitasse pouco ou nada.
O poeta queria que o povo entendesse que estava dando o seu consenso em troca de migalhas. Abrindo mão da luta política, que estava concentrada nas mãos dos ricos.
Portanto, analisando a expressão nos dias atuais, significa que nós, também, enquanto povo estamos dando o nosso consenso político em troca do quê?
Enquanto o povo se distrai (com a novela, com o carnaval, com o futebol), o poder político enche as nossas barrigas, mas ao mesmo tempo nos coloca em uma arena para sermos derovados pelos leões.
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