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Piso cosmatesco: o tesouro no chão das igrejas romanas

A maioria dos tesouros artísticos da Itália está dentro das suas igrejas. Algumas delas famosíssimas, como a Basílica de São Pedro que hospeda obras de Michelangelo e Bernini, outras, mais discretas e menos frequentadas pelos turistas e que, geralmente, são apreciadas somente por insiders.

Quando entramos nas igrejas italianas para admirar quadros de Caravaggio, por exemplo, quase nunca olhamos para o caminho pisado pelos nossos pés. Queremos admirar quadros, afrescos, estátuas, esculturas. Olhamos quase sempre para o alto.

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Entretanto, o chão das igrejas romanas também é feito de muita história e de um trabalho precioso. Com certeza você já caminhou sobre um piso de mosaico cosmatesco, mas provavelmente nem se deu conta.

piso mosaico cosmatesco

Como nasceu o piso de mosaico cosmatesco?

Também conhecido como cosmati ou cosmastesque pavement em inglês, o piso ganhou esse nome graças ao nome da estirpe de arquitetos e artesãos romanos de nome ou sobrenome Cosma (Cosme, em português), e que assinavam seus trabalhos como Cosma ou Cosmatus.

Foram quatro gerações que viveram prevalentemente no séc XII e XIII e que além de esculturas e vários motivos de decoração, especializaram-se em pisos de mosaico.

piso mosaico cosmatesco
Piso da Igreja de Santa Maria in Cosmedin

O termo Cosmastesco só foi cunhado oficialmente em 1860, quando foi publicado um artigo chamado Architettura Cosmatesca, pelo arquiteto e escritor Camilo Boitto.

Assim como grandes artistas e arquitetos como Michelangelo, Bernini, Caravaggio que trabalharam diretamente com muitos papas e cardeais, os Cosmati desde o ano 1100 já trabalhavam seus mosaicos em mármore para importantes clientes e mecenas.

Além de ser um lindo motivo decorativo, o que também faz com que esses pisos sejam de enorme importância, é porque pelo menos os que não foram restaurados, utilizavam restos de mármores reciclados dos edifícios monumentais da época do Império Romano.

piso mosaico cosmatesco
Piso da Igreja de Santa Maria in Cosmedin

Quando vemos, por exemplo, esses círculos em vermelho bordeaux, quase sempre se trata do mármore chamado “Pórfiro Vermelho”, o qual era importado do Egito.

No Império Romano, esse mármore era de uso exclusivo dos imperadores. Portanto só o encontrávamos nas construções imperiais.

Onde encontrar os pavimentos cosmatescos em Roma?

  • Capela Sistina
  • Basílica di Santa Maria Maggiore
  • Santa Maria in Cosmedin onde encontra-se a Boca da Verdade ou Bocca dela Verità
  • Basílica di San Clemente, em San Giovanni (perto da Basilica Papal de São João em Latrão
  • Igreja de San Benedetto in Piscinula, no Trastevere
  • Basílica de San Crisogono, no Trastevere. Uma basílica do Séc VI que possui catacumbas cristãs que podem ser visitadas.
  • Basílica de Santa Croce in Gerusalemme, em San Giovanni
  • Basílica dei Santi Quattro Coronati, em San Giovanni (perto da Basilica Papal de São João em Latrão)
  • Basílica de Santa Maria in Aracoeli (aquela igreja espremidinha entre o Vittoriano e a Praça do Capitolio)
  • Basílica de Santa Maria in Trastevere, no Trastevere
piso mosaico cosmatesco

Piso cosmatesco no mundo: Westminster Abbey, em Londres

Mas não foi só na Itália que esse tipo de mosaico fez sucesso. Ele também decora o chão da Abadia de Westminster, em Londres. Aqui nesse link há um artigo interessante contando sobre a restauração do pavimento, que é do séc XII.

Foto: Panoramio

O mosaico fez tanto sucesso que, na verdade, também foi aplicado em decorações de paredes e até túmulos, apesar desse uso ser menos difundido.

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