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Arcos do Triunfo de Roma: Quem Construiu os Arcos de Roma?

Quando falamos de arcos do triunfo, o que imediatamente vem à mente do viajante moderno, é o famoso Arco do Triunfo de Paris.

Mas o arco do triunfo romano, também conhecido como arco triunfal ou arco honorário romano, nasceu na Roma Antiga e ganhou força durante o Império Romano.

Obviamente, como literalmente diz o nome, os arcos do triunfo romanos eram uma homenagem monumental, em forma de uma porta ou passagem em forma de arco, para comemorar o triunfo: quase sempre conquistas de territórios ou vitórias em guerras.

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Hoje. em várias cidades do mundo há arcos do triunfo antigos ou modernos, que comemoram conquistas importantes.

Mas quem quiser ver os “verdadeiros” arcos romanos, deveria visitar Roma, onde ainda existem arcos antigos da época do império romano. Ou quem sabe visitar cidades que foram antigas colônias romanas.

Quem construiu os arcos de Roma?

Os arcos de Roma geralmente eram construídos a mando do Senado Romano. Por isso todos eles possuem sempre a fórmula S.P.Q.R. (o Senado e o Povo Romano)

O arco do triunfo de Roma: louvar a glória dos imperadores

Hoje em dia, quem visita Roma, dá de cara com três arcos triunfais ainda de pé. Citados em ordem cronológica, no Fórum Romano e no imediato entorno do Coliseu encontram-se o Arco de Tito, o Arco de Sétimo Severo e o Arco de Constantino.

Em outras localidades de Roma ainda há outros arcos que não eram propriamente arcos do triunfo, mas arcos honorários (homenagens importantes as quais, porém, não estavam ligadas a um triunfo de guerra). Alguns exemplos são o Arco de Druso, o Arco degli Argentari e o Arco de Giano.

O Arco de Druso fica no que era o percurso original da Via Ápia Antiga. Crédito: Shutterstock.

Para os apaixonados pelas histórias da Roma Antiga, há narrações nos livros de história que afirmam a existência dos arcos do triunfo construídos em Roma já a partir do 2 sec a.C.

De acordo com o que muitos pesquisadores e autores importantes nos reportam, à época da queda do império romano existiam quase 40 arcos do triunfo na cidade de Roma.

Muitos imperadores importantes tiveram arcos dedicados a si e às suas vitórias: Augusto, Tito, Trajano, Domiciano, Marco Aurélio são alguns deles.

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Os principais arcos triunfais ainda existentes em Roma

Quem visita Roma nos dias de hoje, sobretudo quem começa a visita da cidade pela área arqueológica do Coliseu, dá logo de cara com os três arcos triunfais ainda de pé. O Arco de Tito, o Arco de Sétimo Severo e o Arco de Constantino.

Vamos ver as particularidades de cada um desses arcos:

O Arco de Tito: o mais antigo dos arcos atualmente existentes

O Arco de Tito foi construído entre os anos 81 e 90 d.C. (muito provavelmente de 84 a 86 d.C.) pelo imperador Domiciano Flávio, em homenagem ao seu irmão mais velho, o já falecido imperador Tito Flávio.

Arco de Tito, o destruídor e saqueador do Templo de Jerusalém e quem inaugurou o Coliseu. | Crédito: Shutterstock

Os Flávios foram uma importante dinastia imperial, afinal foram eles que construíram e inauguraram o Coliseu: o pai, Vespasiano Flávio, o filho primogênito Tito Flávio e o filho mais novo Domiciano Flávio.

O que permitiu a construção do Coliseu e o motivo pelo qual Tito e a dinastia Flávia foram considerados triunfantes, foi a conquista da Galileia e derrota de Jerusalém nas guerras judaicas, com a destruição do templo de Jerusalém.

No ático lemos a inscrição

“Senatus / populusque romanus / divo Tito divi Vespasiani f(ilio) / Vespasiano Augusto”,

“O Senado e o povo romano ao divino Tito, filho do divino Vespasiano, Vespasiano Augusto”

Dentro da fórnice única do arco vemos dois relevos, que contam o triunfo de Tito, ou seja, a derrota de Jerusalém.

No relevo à esquerda vemos o candelabro de sete braços, a Menorah. | Crédito: Shutterstock

Interessante o relevo à esquerda, os soldados romanos transportam para Roma a Menorah (candelabro de sete braços, símbolo da religião judaica), as trombas de prata do templo de Jerusalém, e nos estandartes/placas, onde ficavam escritos os nomes dos povos e das cidades derrotadas.

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Arco de Sétimo Severo: o imperador que veio da Líbia

Dos três arcos existentes hoje em dia em Roma, esse está em uma idade intermediária: è posterior ao arco de Tito e anterior ao Arco de Constantino.

Sétimo Severo foi o primeiro imperador africano, nascido em Leptis Magna (hoje Líbia). Na verdade, seu pai era africano e sua mãe de origem nobre romana.

A estrutura é com três fórnices (três passagens) e o revestimento é em travertino e mármore.

À diferença do arco de Tito, a epígrafe dedicatória é bem mais prolixa.

Graças à ela sabemos que Sétimo Severo, por ser chamado de parthico arabico e partico adiabênico havia (re)conquistado a Pérsia Arábica e a Pérsia Adiabênica, ou seja, as regiões onde hoje temos o Irã e o Iraque. Incrível, não é mesmo?

«IMP · CAES · LVCIO · SEPTIMIO · M · FIL · SEVERO · PIO · PERTINACI · AVG · PATRI PATRIAE · PARTHICO · ARABICO · ET · PARTHICO · ADIABENICO · PONTIFIC · MAXIMO · TRIBUNIC · POTEST · XI · IMP · XI · COS · III · PROCOS · ET · IMP · CAES · M · AVRELIO · L · FIL · ANTONINO · AVG · PIO · FELICI · TRIBUNIC · POTEST · VI · COS · PROCOS · (P · P · OPTIMIS · FORTISSIMISQVE · PRINCIPIBUS) · OB · REM · PVBLICAM · RESTITVTAM · IMPERIVMQVE · POPVLI · ROMANI · PROPAGATVM · INSIGNIBVS · VIRTVTIBVS · EORVM · DOMI · FORISQVE · S · P · Q · R»

[Ao] imperador césar Lúcio Sétimo Severo Pio Pertinax Augusto, filho de Marco e pai da pátria, Pártico Arábico e Pártico Adiabenico, pontífice máximo, onze vezes detentor do poder tribunício, onze vezes imperador, três vezes cônsul e procônsul, e ao imperador césar Marco Aurélio, filho de Lúcio, Antonino Augusto Pio Félix,seis vezes detentor do poder tribunício, cônsul, e procônsul (pais da pátria, os melhores e mais corajosos príncipes), que, em nome da república restaurada e do governo do povo romano, propagaram, através de suas formidáveis virtudes, em casa e no exterior, o Senado e o Povo Romano [dedicam este monumento].

Mas se nos campos de batalha Sétimo Severo foi um grande conquistador, dentro de casa o ambiente familiar não era os melhores.

Na verdade, seu filho Caracala (futuro imperador e construtor das famosas Termas de Caracala), matou o irmão mais novo para poder ficar sozinho no poder de Roma.

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Arco de Constantino: o mais jovem dos arcos triunfais romanos

O mais “jovem” dos arcos atualmente existentes em Roma é o arco dedicado a um dos imperadores mais famosos: Constantino.

A fama desse imperador se deve, sobretudo, ao fato de ele ter assinado em 313 d.C., o édito de Milão, o qual determinava a neutralidade do império romano em relação a qualquer culto religioso. Com isso, cessariam (infelizmente não de uma hora para outra) as perseguições aos cristãos-.

Constantino também é o imperador que fundou rebatizou a cidade de Bisanzio, chamando-a de Constatinópolis. A cidade é a atual Istambul, capital da Turquia.

roma antiga - arco de constantino

O arco de Constantino é um arco considerado “eclético” e em parte “reciclado”.

Tendo sido construído na fase de já decadência do Império Romano, fase essa que a arte começa a ser menos requintada e considerada mais grosseira, com materiais de construção mais baratos e reciclados de outras construções.

Como resumo dessa época, o Arco de Constantino é construindo com pedaços de monumentos dedicados a três grandes imperadores de Roma: Trajano (Optimus Princeps: o melhor dos príncipes), Adriano e Marco Aurélio.

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ruínas romanas - arco de constantino
Na parte superior, as decorações oriundas do Fórum de Traiano, narrando a conquista da Dácia. A Dácia é o território onde hoje se encontra principalmente a Romênia.

A inscrição em latim acima da fórnice central diz:

« IMP · CAES · FL · CONSTANTINO · MAXIMO · P · F · AVGUSTO · S · P · Q · R · QVOD · INSTINCTV · DIVINITATIS · MENTIS · MAGNITVDINE · CVM · EXERCITV · SVO · TAM · DE · TYRANNO · QVAM · DE · OMNI · EIVS · FACTIONE · VNO · TEMPORE · IVSTIS · REM-PUBLICAM · VLTVS · EST · ARMIS · ARCVM · TRIVMPHIS · INSIGNEM · DICAVIT · »

Ao pio, feliz e augusto imperador César Flávio Constantino, o Grande, dedicou o Senado e o Povo de Roma este arco em sinal do seu triunfo, porque sob inspiração da Divindade e pela grandeza do seu espírito, vingou de um só golpe, com o seu exército e com armas justas, o Estado, tanto sobre o usurpador, como sobre toda a sua facção.

arco triunfal de roma - arco de constantino

Gostaram de saber um pouquinho da história dos arcos do triunfo de Roma?

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Fora de Roma: arcos triunfais construídos em época antiga

Hoje em dia temos pelo menos três arcos do triunfo romanos construídos quando o Império Romano ainda caminhava com as próprias pernas.

Arco de Augusto, em Rimini, Itália. | Crédito: Shutterstock

Na Itália há dois deles super bem conservados: o Arco de Augusto (ano de construção: 27 a.C.), na cidade costeira de Rimini e também o Arco de Trajano, em Benevento, no sul da Itália.

Arco de Trajano, em Benevento. | Crédito: Shutterstock

O Arco de Trajano foi construído para comemorar a Via Traiana, um atalho que encurtava o percurso da Via Ápia entre Benevento e Brindisi. Foi construído entre 114 e 117 d.C.

Outra cidade europeia que conserva um arco do triunfo romano é Pola, na Croácia. O Arco dos Sérgios, foi construído em memória de Lúcio Sérgio Lépido, que participou da batalha que derrotou Marco Antônio e Cleópatra: a Batalha de Ácio. Muito provavelmente ele data do período entre 25 a 10 a.C.

Outros arcos do triunfo modernos espalhados pelo mundo

Várias cidades do mundo antigo e moderno possuem arcos ou portas que são ou lembram os arcos do triunfo. Com certeza você conhece algumas delas:

O Arco do Triunfo de Paris

O Arco do Triunfo foi encomendado por Napoleão Bonaparte, localizado na étoile, em Paris, para celebrar a batalha de Austerlitz. Na distribuição das fórnices se assemelha ao arco de Sétimo Severo existente na Libia. Ou seja, ele possui portas para todos os lados.

Milão: Arco da Paz

Milão é uma cidade que vendeu muitos desafios e soube sempre se reinventar ao longo dos séculos. O seu Arco da Paz celebra o Congresso de Viena, que sela em 1815 a paz entre as nações europeias após a derrota de Napoleão Bonaparte.

Munique: Porta da Vitória

Crédito: Shutterstock

Em Munique existe a Porta da Vitória (Siegestor) que se inspirou ao arco de Constantino. Ela foi construída para celebrar a importância que o exército da Bavaria teve em ajudar a derrotar Napoleão.

Barcelona: o Arc de Triomf

O Arc de Triomf foi construído para a exposição universal de 1888 e deveria ser a porta de entrada para a exposição. Seu objetivo não é tanto celebrar uma vitória em guerras, mas a vitória da ciência e do saber científico, temas das grandes exposições universais.

Londres: dois arcos para celebrar as vitórias contra Napoleão

Marble Arch no meio do frenético vai e vem de Londres. | Crédito: Shutterstock

Em uma das minhas capitais preferidas da Europa, também temos dois arcos do triunfo: o Marble Arch e o Wellington Arch.

Como vários outros arcos europeus, eles também foram encomendados pelo rei George IV para celebrar as vitórias britânicas nas guerras contra Napoleão.

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Respostas de 7

  1. Que lindo os Arcos do Triunfo de Roma, ainda não tive a chance de ir a Roma. Mas quando for com certeza vou usar suas dicas. Obrigada por compartilhar

  2. Adorei saber da história dos Arcos do Triunfo de Roma. Eu somente sabia que eram construídos em comemoração a batalhas ganhas. Visitei vários desses e é sempre emocionante ver tantos séculos de história resumidos em detalhes tão incríveis. Queria ter lido seu post antes da minha viagem mas para as próximas, voltarei a consultá-lo. Obrigada por compartilhar e parabéns.

  3. Adorei saber mais sobre a história dos Arcos do Triunfo. Os mais diferentões que já vi pelo mundo foram em Chisinau, a capital da Moldávia, e Pyongyang, capital da Coreia do Norte 🙂

  4. Adorei saber da história dos arcos do triunfo de Roma. Não sabia que há três, pensei que fosse apenas um.

    O Arco de Augusto parece llindo!

    Obrigado pelas dicas!

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