Se existe um lugar que convida à reflexão em Roma, esse lugar é o antigo Gueto Judaico. Foi ali, durante um passeio despretensioso pelas suas ruelas, que reparei pela primeira vez em pequenos blocos de latão incrustados na calçada: nomes, datas e destinos gravados para sempre.
Meses depois, descobri outros espalhados por vários bairros da cidade — nenhum deles obra do acaso.
Essas placas recebem o nome de Pedras de Tropeço (Stolpersteine, em alemão; pietre d’inciampo, em italiano) e formam hoje o maior memorial descentralizado do mundo.
O projeto, idealizado pelo artista alemão Gunter Demnig em 1995, já instalou mais de 116 mil pedras em 31 países europeus – cerca de 6 mil apenas em 2024 (stolpersteine.eu).
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O que são as Pedras de Tropeço?
Cada peça é um cubo de concreto (10 × 10 cm) recoberto por uma placa de latão onde se lê, quase sempre, a inscrição Aqui morava seguida do nome da vítima, sua data de nascimento e o destino trágico (data de deportação ou morte).
O bloco é assentado na calçada, em frente ao último endereço conhecido da pessoa homenageada, obrigando quem passa a “tropeçar” simbolicamente na memória dela.
Em italiano se chamam pietre d’inciampo e em alemão stolpersteine. Poderíamos defini-las como intervenções urbanas para recordar as vítimas do Nazismo.
O projeto é uma ideia do artista alemão Gunter Demnig e iniciou em 1995 e, segundo a Wikipedia, até 2015 haviam sido colocadas 50.000 pedras. A número 50.000 foi colocada em Turim, no norte da Itália.
O trabalho de Demning começou dedicando-se aos ciganos deportados, categoria que raramente é recordada quando se fala de deportação aos campos de concentração.

Na Itália a grande maioria dos deportados eram cidadãos judeus, mas também havia opositores políticos, romas e sintis (ciganos) e homossexuais.
Em Roma, na madrugada do dia 16 de outubro de 1943, mais de 2000 cidadãos foram deportados das suas casas, principalmente no Gueto Judaico. Uma lembrança tristérrima.
Hoje em dia são os próprios parentes das vítimas a pedirem que as pedras de tropeço sejam colocadas na frente dos prédios. Mas já houve polêmicas e até pedras arrancadas por moradores que não desejavam que o imóvel ficasse “marcado” por uma memória triste e dolorosa.

Como o projeto chegou a Roma
A primeira leva de pedras foi instalada na capital italiana em janeiro de 2010 durante a iniciativa local Memorie d’Inciampo a Roma. Desde então, a cidade soma mais de 400 unidades – o maior número na Itália (wired.it) –, distribuídas em diversos bairros, com forte concentração ao redor do antigo Gueto.
Em 16 de outubro de 1943, mais de 2 000 pessoas foram arrancadas de suas casas em Roma durante uma grande razzia nazista – a maioria nunca retornou. Muitas pedras recordam exatamente esses moradores.
Na Itália o projeto tem forte apoio das comunidades judaicas.
O site italiano Arte in Memoria possui um mapa super atualizado com todas as pedras instaladas na Itália. Para consultá-lo, clique aqui.
As duas plaquinhas na imagem destacada foram fotografadas no Campo de’ Fiori, na Via dei Giubbonari em frente ao número 29 (se não me falha a memória!).
Quer saber mais?
- Visite o Museu da Shoah no Gueto Judaico para contextualizar a história.
- Inclua no seu roteiro nosso Tour Judaico por Roma (em português) para compreender melhor a presença judaica na cidade ao longo dos séculos.
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