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Bracciano: História, Cultura e Gastronomia Perto de Roma

Sei que sou suspeita para aconselhar Bracciano como um bate-volta fantástico saindo de Roma, afinal, minha festa de casamento foi lá, e eu realmente gosto da cidade.

Nunca ficamos um ano sem ir até a cidade, circundar o seu lago e ir à nossa trattoria preferida.

Se você estiver procurando um passeio que dá para ser feito facilmente com os meios de transporte públicos (há trem direto de Roma até lá) ou com seu próprio caro (o que permite desfrutar da beleza do lago), Bracciano é a escolha certa.

Também é uma boa opção de parada para quem está viajando entre Roma e o sul da Toscana.

Que tal começar o seu passeio pelo Castelo Orsini-Odescalchi, conhecido como Castelo Odescalchi?

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Percebemos que estamos nos aproximando, quando começamos a avistar o castelo de longe, na parte mais alta da cidade.

Um pouco sobre a história do Castelo Odescalchi

Bracciano é muito famosa porque o seu castelo é um dos lugares que celebridades locais e internacionais escolhem para se casar.

Dentre aqueles mais famosos, e que fizeram casamentos bafônicos, todos já se divorciaram, como, por exemplo, Tom Cruise e Kate Holmes. O casamento deles parou a cidade!

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Mas será que se eles soubessem que existe a lenda de um fantasma que amaldiçoa casamentos ou histórias de amor e paixão, teriam ainda escolhido se casar lá? Bom, depende do quão supersticiosos sejam ou não!

O Castelo Odescalchi, pertence à homônima família de nobres, fica na parte mais alta da cidade, que possui um burgo bem silencioso e gracioso.

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Vista do jardim do castelo. Muito cenográfico e dá pra gente sacar porque muitos querem casar aqui.

Ele foi inaugurado em 1485, e à época pertencia a uma poderosa família nobre: os Orsini. Por ficar em uma posição estratégica, várias famílias nobres tentaram se apoderar do castelo, inclusive em 1496 foi confiscado pelo Papa Alessandro Borja. A gente já sabe que os Borja eram da pá virada, apesar de somente Lucrécia levar a fama.

Depois de voltar para as mãos dos Orsini, em 1679 ele foi comprado pela família Odescalchi, nobres oriundos de Como, no norte da Itália.

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Durante a ocupação francesa o castelo foi saqueado pelo exército francês, passou para as mãos dos nobres Torlonia e, somente em 1848, os Odescalchi conseguiram novamente reaver a sua propriedade. São dos donos do castelo até os dias de hoje.

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Isabella, o fantasma que amaldiçoa os casamentos

Paolo Giordano Orsini casou-se com Isabela De’ Medici. Duas famílias nobres poderosíssimas.

Obviamente, como muitos casamentos combinados, Paolo e Isabella tinham seus amantes de corte.

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Mas, Isabella parece que “exagerou”. Seduzia suas vítimas e após um momento de amor, pedia que eles passassem por um cômodo secreto, para que ninguém os visse sair do seu quarto. Mas esse cômodo tinha um fundo falso e os amantes eram jogados em um calabouço com lanças pontiagudas. Assim morreria com eles o segredo da sua infidelidade conjugal

Obviamente o marido, que também tinha uma amante e queria se livrar da mulher, aproveitou a sua fama de infiel, com o pretesto de dormirem juntos para uma noite de amor, a enforcou- com uma fita de seda vermelha. Justificou o assassinato como crime passional por infidelidade!

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Um dos ambientes mais interessantes do castelo: salas das armas e armaduras medievais

Muitos dizem que o fantasma de Isabella continua vagando pelo castelo, e amaldiçoando quem vive alguma história de amor naquele lugar.

Lenda ou não, o castelo tem uma vista linda para o lago de Bracciano, mesmo em dias de inverno.

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O gracioso burgo com casas de pedras

Após visitar o castelo, que tal bater perna pelo gracioso burgo com casinhas de pedras?

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Entramos pela Via Arazzaria, percorremos a Via dela Sentinella, subimos a Via del Moretto até chegar ao Duomo de Bracciano.

Para retornar à praça escolhemos a Via Fioravanti.

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Entre uma casinha e outra, víamos o lago ao fundo. Muitas casinhas e pequenas praças com flores nas janelas. Silêncio e tranquilidade únicos. O burgo é muito rústico e muito genuíno.

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Como sempre acontece quando visitamos esses pequenos burgos espalhados pela Itália, apesar de perceber que a cidade é habitada, cruzamos com pouquíssimos, se não raros, moradores. Outra realidade se pensamos no estresse das grandes cidades. Mas confesso que não estaria preparada para uma mudança assim radical!

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O lago de Bracciano

Se quem não tem cão caça com gato, quem não tem praia, vai ao lago!

O belo lago de Bracciano na verdade se estende por outras pequenas cidadezinhas e burgos, como Trevignano, Anguillara e Martignano.

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Dos primeiros dias de sol da primavera, atingindo seu auge no verão, até os últimos raios de sol quente do outono, muitos italianos escolhem o lago para passar férias. Existem áreas para acampar, vários bares e restaurantes à beira lago, possibilidade de praticar esportes e, em alguns pontos do lago também tem balneário.

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Aqui o lado visto de um dos mirantes de Bracciano: o Beldevere La Sentinella. Se trata de um largo em uma das extremidades do burgo medieval, e a vista é realmente linda! Olhem esse azul #semfiltro

De todas as cidadezinhas à beira lago, acho que a mais “trendsetter” e animada é Trevignano. Quando o lago chega a Martignano encontra uma maravilhosa reserva natural. Ao circundar o lago entre uma cidade e outra, há trechos completamente imersos no verde.

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Comer em Bracciano

Trattoria Vicarello – Quando estava organizando o casamento, fomos algumas vezes a Bracciano. Uma vez encontramos uma trattoria simples, em um lugar bem tranquilinho chamado Vicarello, na beira da estrada entre Bracciano e Trevignano. Resolvemos parar o carro e almoçar lá. Desde então, sempre voltamos lá. Endereço: Loc. Vicarello, Via Settevene Palo Primo Tronco da Trevignano, 00069 Trevignano Romano RM – Telefone: 06 999 9553

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De entrada pedimos um prato com bruschettas. O azeite com o qual as temperaram era simplesmente delicioso. Como prato principal, fui de rigatoni all’amatriciana. Sem erro. Cozida al dente, molho delicioso.

Acqua delle Donne – Outro lugar onde gostamos de comer é uma pousada com restaurante, o Acqua delle Donne. Não é muito fácil de achar, porque a gente tem que percorrer um beco meio escondido que dá para a estrada principal que circunda o lago. O lugar tem um jardim muito bem cuidado com um gramado sempre verdejante, e acho legal e tranquilo para ir com crianças. Endereço: Via dell’Acquarella, 6, 00062 Bracciano RM – Telefone: 06 999 7418

Caffè del Castello – Quando saímos do Castello Odescalchi, paramos na praça e fomos ao Caffè do Castello tomar um café. Se trata de um bar simples, mas o que me chamou a atenção é que eles tinham várias ótimas garrafas de vinho, de várias regiões da Itália. Fica para a próxima vez! Via Umberto I (esquina com Piazza Mazzini)

Osteria Pane e Olio – essa osteria fica perto da antiga entrada do Castello e come-se muito bem por lá. Fazem pratos de carne e de peixe lacustre (dali do lago de Bracciano mesmo!). Eles têm uma boa carta de vinhos, serviço muito bom, mas não é exatamente um lugar super baratinho. Preços médios. Piazza Mazzini 11 – Telefone: 06 9980 3433

Museu da Aeronáutica Militar de Bracciano

Mas a cidade também reserva uma maravilhosa surpresa para um momento de entretenimento para crianças e adultos: o Museu da Aeronáutica Militar de Bracciano, que conta com uma surpresa para nós, brasileiros!

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A primeira notícia fantástica: o museu é grátis!

O Museu da Aeronáutica de Bracciano fica em um antigo hangar à beira do lago de Bracciano, onde outrora existia um aeroporto militar e centro de construções aeronáuticas.

Ali no local eram feitas experimentações, construções e pouco e decolagem. Inclusive no local foi construído o primeiro dirigível italiano em 1908, que dali alçou voo.

Em 1977 o Museu da Aeronáutica, que já existia desde 1903 e tinha sido transferido para vários edifícios, sempre em busca de um espaço ideal, encontrou o seu habitat definitivo aqui, nesse ambiente já propício para hospedar aviões.

O acervo do museu é dividido em quatro hangares: Troter, Velo, Badoni e Skema e todos os aviões expostos são de uso militar.

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No pátio externo do museu já podemos ver alguns modelos de aviões. Entre eles o anfíbio Grumman HU-16 Albatross, que foi fabricado pela estadunidense Grumman dos anos 40 aos anos 60 do século passado.

O Hangar Troter

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No primeiro hangar é contada a origem da aeronáutica, com os primeiros aviões e tecnologia aeronáutica até a primeira guerra mundial (de 1915 a 1918 do séc. 20). O próprio hangar já é em si mesmo uma peça de museu, já que foi o primeiro hangar construído na Itália, com o dinheiro de indenização de guerra que a Áustria pagou à Itália.

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No museu também há uma réplica do Wright N°. 4, modelo construído pelos irmãos Wright, aqueles que os americanos dizem ser os inventores do avião, e não Santos Dumont.

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Também há alguns aviões empregados durante a primeira guerra mundial, como um Blériot e um SPAD S.VII

O Hangar Velo

No hangar Velo estão expostos alguns modelos de aviões utilizados entre a primeira e a segunda guerra mundial.

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Nesse hangar existe alguns objetos da famosa e trágica expedição polar de Umberto Nobile. E aqui preciso contar uma historinha para vocês.

Nos anos oitenta começou a ir ao ar um programa de televisão chamado Quark, cujo apresentador se chama Alberto Angela, hoje um senhor de mais de oitenta anos. Vinte anos depois, quando cheguei à Itália esse programa ainda era apresentado. Para dizer a verdade, não sei se eram capítulos inéditos ou reprise, mas uma noite me peguei na frente da TV e o tema era a trágica expedição polar guiada por Umberto Nobile, a bordo do dirigível Itália.

Umberto Nobile era um engenheiro aeronáutico e oficial de aeronáutica real italiana e construiu um dirigível cujo objetivo era alcançar o polo Norte. Na verdade Nobile já havia chegado ao polo Norte em 1926 a bordo do dirigível Norge, também de sua construção.

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O esqueleto do dirigível Itália

A expedição de 1928 era composta por 16 homens: 10 faziam parte da tripulação e 6 eram cientistas e jornalistas. Na ida deu tudo certo e o dirigível conseguiu aterrissar no Polo Norte. Na viagem de volta (23 de Maio de 1928) o dirigível caiu por razões parcialmente desconhecidas, mas, com certeza a causa da tempestade que encontraram no caminho, quando decidiram pela rota sugerida pelo meteorologista e físico sueco Finn Malmgren.

Dos 16 somente 8 sobreviveram, além de Titina, a cadelinha de Nobile que era a mascote da expedição.

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Pois bem, no Hangar Velo existe o “esqueleto” do dirigível Itália e o museu possui um prédio anexo dedicado a Umberto Nobile. Infelizmente esse pavilhão só é aberto para excursões, pesquisas científicas ou reservado com antecedência.

Saibam que em 1969 foi feito um filme russo contando essa aventura trágica. Ele se chama “barraca vermelha”, ((Красная палатка / Krasnaja palatka) a cor da barraca onde os sobreviventes permaneceram acampados esperando o socorro que levou.

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O Hangar Badoni

Nesse hangar, que foi construído nos anos 30, encontram-se exemplares de aviões usados durante a segunda guerra e imediatamente depois. Há modelos como o enorme Savoia-Marchetti e Macchi M.C.200. Nesse hangar também há uma plataforma onde podemos ver os aviões do alto, praticamente como se estivéssemos em uma altura correspondente a um segundo ou quase terceiro andar de um prédio.

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Em um cantinho super discreto também tem um… cinema! Nele tem uma filme que deve durar uns vinte minutos, talvez um pouco mais ou um pouco menos (risos) que conta a história das Frecce Rosse, os aviões da esquadrilha da fumaça italiana, que é considerada uma das melhores do mundo.

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Ademais, há uma série de painéis contando um pouco a biografia dos grandes pilotos de guerra italianos, inclusive Francesco Baracca… o homem que “criou” o cavalinho da Ferrari.

O Hangar Skema

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Uma das frecce tricolori, a esquadrilha da fumaça italiana

Nesse hangar existem modelos mais recentes, inclusive a gente logo lembra de Tom Cruise em Top Gun. Porque nesse hangar existem vários modelos de caça idênticos ao do filme. Como o Aeritalia G 91Y, o Tornado IDS 50, os aviões Aeromacchi MB da esquadrilha da fumaça e até um Embraer!

O caça AMX International Ghibli é construído unindo as tecnologias da aeronáutica brasileira e italiana, e inclusive trás militares da aeronáutica brasileira que trabalham aqui junto aos italianos nesse projeto.

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AMX que a Embraer fabrica junto com a Itália

Surpresa! O cavalinho da Ferrari em aviões da Aeronáutica!

Para nossa surpresa, vimos o cavalinho da Ferrari em alguns aviões. Aprendemos que era o símbolo pessoal de um dos melhores pilotos italianos: Francesco Baracca. Baracca ingresso una vida militar frequentando a escola de cavalaria do regimento real. O regimento que foi fundado em 1692 e ainda hoje é um dos mais importantes do exército italiano tinha como símbolo o cavalinho rampante (“cavallino rampante”)

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Quanto Baracca serviu na aeronáutica, tendo entrado para a história como um dos melhores pilotos de guerra italianos, levou consigo o símbolo do seu antigo regimento de cavalaria, imprimindo-o em todos os aviões que pilotou. Baracca faleceu em serviço.

Em 1923, quando Enzo Ferrari encontrou com o conde Enrico Baracca, pai de Francesco Baracca, o mesmo sugeriu que Enzo Ferrari usasse o “símbolo que seu filho tanto amava” nos seus carros, para que lhe trouxesse sorte e sucesso. Foi assim que o cavalinho saiu da infantaria, passou pela aeronáutica e chegou à Ferrari.

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Junto com Francesco Baracca, no museu há vários painéis contando a história e homenageando os pilotos considerados os melhores pilotos militares italianos.

No acervo também há inúmeras medalhas de honra ao mérito, uniformes de pilotos e até… pasmem… uniformes de astronautas.

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Com certeza é um passeio que agrada a grandes e pequenos. Se passarem por Bracciano, não deixem de visitá-lo.

Museo Storico dell’Aeronautica Militare

Site: http://www.aeronautica.difesa.it/museovdv/Pagine/default.aspx

Endereço: Aeroporto “Luigi Bourlot”

Strada Circumlacuale, snc

Loc. Vigna di Valle

00062 – Bracciano (Roma)

Horário: 9:30 às 16 com última entrada às 15h. Aberto de terça a domingo.

Fecha: 25 e 26 de Dezembro, 1 de Janeiro, Domingo de páscoa e todas as segundas-feiras.

Entrada gratuita

O museu fica em um lugar afastado um pouco afastado do centro de Bracciano. Dá para chegar a pé, mas a estrada não tem calçadas, portanto, se estiver com crianças, preste bastante atenção. Há uma linha de ônibus que sai do centro de Bracciano e para em frente ao portão do aeroporto, mas somente nos dias úteis. Aos sábados e domingos essa linha de ônibus não funciona! 

Ônibus Linha “D” (BUS Locale Linea “D”) – Ponto final no Piazzale Pasqualetti

Horário de inverno (Somente dias úteis):

Saída do Piazzale Pasqualetti: 09.30 – 12.00 – 13.45 – 15.30

Retorno (do portão do museu):     09.40 – 12.10 – 13.55 – 15.40

Horário de verão (Somente dias úteis):

Saída do Piazzale Pasqualetti: 10.00 – 11.00 – 12.00 – 15.10

Retorno (do portão do museu):     10.10 – 11.10 – 12.10 – 15.20

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Onde fica Bracciano e como chegar:

Bracciano fica ao norte de Roma (mais precisamente noroeste) e dista 30 km de capital, um bom desvio para quem sai de Roma em direção à Toscana e Umbria.

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Trem: De Roma há trens diretos que saem da estação Ostiense (estação que possui baldeação com o metrô B, parada Piramide) e que também passa na estação Tiburtina (estação que possui baldeação com o metrô B, parada Tiburtina).

Como Roma Tiburtina está mais longe, saindo de Ostiense economiza-se pelo menos uns 15 minutos de viagem. A viagem dura cerca de 1h e custa 3,60 com o trem do tipo regional.

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