Uma viagem a Roma deve prever uma pequena (mas vale uma grande também!) incursão na gastronomia local, e nada melhor do que um passeio aos Castelli Romani.
Um dos produtos mais populares e famosos que comemos em Roma, vem de uma cidadezinha dos Castelli Romani.
Como eu gosto de dizer, os Castelli Romani são “uma espécie de” Vale do Loire à romana: pequenas cidadezinhas de colina, com muito verde, algumas com lagos e de muitas delas a gente consegue ver Roma do alto.
Por lá também há muitas vilas com mansões e palácios renascentistas, ou seja, os “chateau” ou Castelos Romanos. Além, claro, da Strada del Vino dei Castelli Romani com várias vinícolas onde é possível fazer degustações.
Ariccia é uma das cidades dos Castelli Romani e está entre Albano Laziale (que pode ser facilmente alcançada com trem que sai de Termini) e Genzano, famosa pelo pão com receita e tradição antiquíssima, de pelo menos quatrocentos anos: il pane di Genzano. Ela também fica bem pertinho de Castel Gandolfo e Frascati.
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Em Ariccia faz-se a porchetta, conhecida popularmente como porchetta di Ariccia. A porchetta é o porco ou leitão temperado com ervas finas e pimenta do reino e assado lentamente.
Quando mais jovem for o porco e quanto mais lento for o cozimento, melhor será a qualidade do produto. Geralmente a porchetta de qualidade é saborosa, a carne é macia e levemente suculenta.
Você não precisa ir até Ariccia para provar a porchetta, porque ela é vendida nas mercearias (Alimentari), nas rotisserias e até no banco de frios de muitos supermercados. Mas se for, não se arrependerá!
Um panino con la porchetta, é um dos sanduíches que mais faz sucesso.
Mas se decidir ir até Ariccia, o que pode ser um bom bate-volta saindo de Roma, aproveite e vá até uma fraschetta. São pequenas tavernas de tradição medieval, onde originariamente o cliente levava o vinho e no local consumia apenas o prato cozinhado.
Hoje o costume mudou, mas ainda existe a tradição das mesas compridas, onde compartilhamos o espaço com pessoas que não conhecemos. Temos a impressão de estarmos em uma quermesse.
Obviamente também há restaurantes com mesas individuais e que servem vários embutidos e uma ótima cozinha regional. Por lá sempre comemos ótimas carbonaras e amatricianas.
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Onde gostamos de comer quanto vamos a Ariccia?
La Selvotta
La Selvotta foi a nossa primeira descoberta gastronômica em Ariccia e frequentamos esse lugar há pelo menos 10 anos. O restaurante é ao ar livre, em meio a um bosque, portanto, só funciona de meados da primavera até início do outono.
Uma dica: se for para jantar e mesmo que em Roma esteja fazendo um calorão, leve sempre uma jaquetinha. A diferença de temperatura pode ser chocante e, não por acaso, desde a época dos antigos romanos, essa região foi escolhida para fugir do calor de Roma.
La Selvotta serve somente dois pratos: bucatini all’amatriciana e bife de carne. Há anos atrás, servia só a amatriciana.
Na frente do restaurante tem uma mercearia e você pode comprar os frios e embutidos se quiser um antepasto. Sugerimos pedir a porchetta e um queijo pecorino (queijo feito com leite de ovelhas).
Endereço: Via della Selvotta 43 – Tel: 06/9324521
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Chiosco-LA-SELVOTTA/112626762161250
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Ariccia in Bocca
Esse é meu queridinho quando quero comer bem e muito! Me explico: eles trazem um “antepasto da casa” com 10-12 pratinhos (dependendo da época do ano) por 19 euros.
Se você não for um comilão e se ainda quiser provar os pratos principais, meu conselho é: divida o antepasto com outra pessoa. A amatriciana e a carbonara que eles preparam são simplesmente divinas e as porções são bem abundantes.
Endereço: Via delle Cerquete 36 – Tel: 06/9333525
Site: http://www.aricciainbocca.it/
Fraschetta De Mi Zia
Um restaurantezinho de gestão familiar, e que fica bem no centrinho histórico de Ariccia, quase de frente para o Palazzo Chigi. Mais fácil de chefar para quem não está de carro. Aqui também possuem a fórmula de um certo número de antepastos por 15 euros.
Aconselho sempre provar os pratos da tradição local: amatriciana, gricia, cacio e pepe e também a carbonara. Há tempos não como por lá, mas dei uma passada para xeretar e me pareceu que continua bem bom.
Endereço: Corso Garibaldi 6-8 – Tel: 347/4396147
Site: http://www.fraschette-ariccia.it/
Se quiser comer só um sanduíche de leitão, na praça principal há umas lojinhas minúsculas onde com 3 euros come-se il panino con la porchetta, ou a porchetta a quilo.
Palazzo Chigi de Ariccia: cenário do filme O Gatopardo
A cidadezinha de Ariccia também possui um dos palácios mais belos da Itália: o Palazzo Chigi de Ariccia. Existe outro Palazzo Chigi, em Roma, sede do governo italiano.
Os Chigi fazem parte de uma família que já foi uma das mais poderosas da Itália. Os primeiros Chigi eram banqueiros de origem Toscana (Siena) e ainda há herdeiros vivos. O Palácio pertenceu à esta dinastia desde o séc XVII até 1988, quando foi vendido ao Estado Italiano.
Muitos herdeiros casaram-se com outras famílias igualmente poderosas como os Borghese e os Pamphili, mas o poder dos Chigi aumentou ainda mais porque, tiveram não são só cardeais, como um papa: Alessandro VII (1655-1667) cujo nome era Fabio Chigi.
Um dos herdeiros, Agostino Chigi, casou-se com Maria Virginia Borghese, que por sua vez, era sobrinha do papa Paolo V.
No século 18, os Chigi eram os quintos maiores proprietários de terras do Estado Pontifício.
E hoje podemos ver um pouquinho desse poder, ao visitarmos o Palazzo Chigi de Ariccia.
Ambientes do filme Gatopardo de Lucchino Visconti
Em 1962 o cineasta Lucchino Visconti gravou aqui muitas cenas do Filme O Gatopardo, com Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon. No romance original, as cenas passavam no Castello di Donnafugata, em Ragusa, na Sicília.
Apesar do nome, Donnafugata na verdade não é um castelo, mas um suntuoso palácio do séc XIX. Lucchino Visconti procurava um palácio cujos ambientes internos fossem bem antigos e que nunca tivessem passado por grandes reformas e transformações.
E essa é uma, senão a característica principal que faz com que o Palazzo Chigi seja uma construção raríssima na Itália, é que muitas paredes continuam com a mesma decoração desde os 1600-1700.
Os príncipes Chigi permitiram que Visconti rodasse o filme lá, desde que fosse mantido segredo sobre a locação. Somente muitos anos depois, quando os príncipes nem residiam mais no palácio, é que a verdade foi revelada.
Os ambientes que podemos visitar
Quem quiser conhecer o Palazzo Chigi, pode escolher quatro percursos: os aposentos do cardeal, o andar nobre, o parque/bosque na parte posterior do palácio e o Museu do Barroco. Todos os passeios podem ser guiados, em alguns horários. No dia em que fomos decidimos por visitar o andar nobre.
A visita ao piano nobile ou andar nobre
A visita ao primeiro andar ou andar nobre consiste em conhecer todos os ambientes nos quais viveram essa família. Iniciamos com a sala de jantar (um dos ambientes onde foram gravadas as cenas de O Gatopardo, inclusive há uma pequena foto do filme apoiada em um móvel).
Uma das principais características das paredes é que elas são cobertas a “Cordova”, um couro estampado e até decorado com ouro, que era o “papel de parede” em voga no século XVII. Portanto, a decoração das paredes possui pelo menos 300 anos.
Dali passamos por outros ambientes e alguns dos mais interessantes são a farmácia, projetada pelo arquiteto Carlo Fontana, que também é autor da Capela Sistina da Basílica Papal de Santa Maria Maior. Na verdade, Carlo Fontana fez toda a obra de ampliamento dos ambientes, muito provavelmente baseado em um projeto de Gian Lorenzo Bernini.
Durante a visita também passamos por ambientes muito curiosos como a Sala das Monjas, em cujas paredes há fotos de todas as filhas de Agostino Chigi que não se casaram e entraram para a vida eclesiástica, para não dispersar o patrimônio com dotes!
Também há outro ambiente bem curioso: a Sala das Belas onde foram retratadas várias mulheres da família Chigi e outras damas da época.
Os objetos e projetos de Bernini
Mas o Palazzo Chigi também reservou uma enorme surpresa para mim. Foi revelado um lado de Bernini que eu não conhecia e nem sabia que existia: o de designer de interiores.
Além de ter projetado a Piazza di Corte (a praça que fica em frente ao Palácio), ele também desenhou duas mesas ricamente ornamentadas, uma pintura em estuque na capela do palácio e também um candelabro com anjos.
Um lado realmente desconhecido daquele que sabemos projetar grandes obras.
Endereço: Piazza di Corte 14, Ariccia (Roma).
Site com dias, horários e preços dos ingressos: http://www.palazzochigiariccia.it/e
Como chegar em Ariccia com meios de transporte
Você pode pegar um ônibus no terminal que fica do lado de fora da Estação Ananigna (metrô linha A), descer na cidadezinha de Albano Laziale e de lá pegar um ônibus local, saindo da Piazza Mazzini. Ou também pode pegar um trem saindo de Termini até a cidadezinha de Albano Laziale e de lá um ônibus local, saindo da Piazza Mazzini.
Ariccia dista menos de 2 km de Albano Laziale. Quem quiser pode chegar até lá a pé, passando pela Via Appia. Mas não aconselharia fazê-lo à noite porque a estrada é escura, apesar de bem trafegada.
Para saber os horários dos ônibus, visite o site da empresa de transportes COTRAL. Saiba que as empresas possuem horários diferenciados no inverno X verão e dias da semana X fins de semana. Site COTRAL: https://www.cotralspa.it/Orari.aspx
Créditos – Imagem destacada: Wikimedia Commons; La Fraschetta di MiZia: Divulgação.