Calcata: Maggia Hippie nos Arredores de Roma

O Lazio, Estado cuja capital é Roma, está cheio de pequenos tesouros: cidades medievais, pequenos burgos de pedra em cima de colinas e montanhas, lagos, bosques, florestas. Tudo isso a poucos quilômetros de Roma.

Uma das províncias mais ricas desses tesouros a serem explorados é Viterbo, que fica justamente entre Roma e a Toscana.

Para quem está viajando pela Itália de carro, vale super a pena programar uns “desvios de percurso” e se perder por essas maravilhosas cidadezinhas. Um conselho de amiga: “se perca”, mas sempre com um GPS a bordo!

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Recentemente aproveitamos para fazer um bate-volta até Calcata. Tinha muitos anos que não íamos até lá, e a reencontramos charmosa, misteriosa, íntima, lindinha e ainda com aquele ar “alternativo-hippie que foi a sua salvação”.

Como “a paz e o amor” salvaram Calcata do abandono

Para vocês entenderem um pouco porque Calcata e muitos burgos italianos são abandonados.

Ultimamente circularam muitas notícias na internet, de cidades italianas que ofereciam casas a 1 euro, para quem se dispusesse a reformá-las.

Por que casas tão baratas? A verdade é que muitos burgos e cidadezinhas italianas passaram por um enorme “êxodo” e foram praticamente abandonados.

Os motivos são vários: desde a atração que a cidade grande passou a ter a partir da segunda guerra, ao abandono da vida rural, ao “digital e technology divide” (ou seja, cidades onde não chega a tecnologia… imaginem viver com internet discada no séc XXI?), sem falar muitas vezes na dificuldade dos transportes.

Há cidades que mesmo sendo lindas, divinas e charmosas, ficam isoladas em caso de neve!

Calcata também estava fadada ao abandono, mas a causa de problemas geológicos: a colina está sujeita a erosão.

Calcata é uma cidadezinha escondida, que fica em uma colina de tufo em meio a um bosque quase encantado, o Vale do Treja, nome do rio que circunda a região. Para quem gosta de caminhar e estar em contato com a natureza, é possível fazer maravilhosas excursões partindo da parte baixa e moderna da cidade: Calcata Nuova.

Mas ao mesmo tempo que Calcata está escondidinha, mergulhada no seu mundo mágico, ela está bem no meio do caminho entre duas cidades importantes: Roma (capital da Itália) e Viterbo (a cidade que hospedou o primeiro conclave papal da história!).

Infelizmente, nos anos 50-60, a causa de um desequilíbrio geológico, muitos moradores deixaram suas casas no antigo burgo, e decidiram construir a “Calcata baixa ou Calcata Nuova”, alguns quilômetros mais para lá, e o burgo se esvaziou.

A “lenda urbana” conta que vários jovens hippies, a procura de um lugar perfeito, descobriram a cidade e começaram a habitar no lugar, dando vida a uma comunidade de artesãos e a um ritmo de vida novo, lento, genuíno.

Não se sabe ao certo se eram realmente hippies, ou simplesmente pessoas que estavam à procura de deixar de lado a vida frenética da cidade e encontraram um pequeno oásis de beleza e forte tradição popular.

Por isso em Calcata se respira esse ar de grande respeito pelas tradições, pelo artesanato, pelos produtos que a cultivação local dá.

Graças à arquitetura local, um burgo com casas de pedra centenárias, a gente parece mesmo ter ficado parado no tempo e no espaço. Mas basta conversar com os locais, ver a sua arte, ver como esse lugar é tão bem cuidado e tão bem tratado, que começamos a ter novamente confiança no futuro da humanidade.

Calcata é realmente um pequeno paraíso imerso em uma atmosfera de conto de fadas. Vale a pena conhecer!

Como chegar em Calcata?

De carro:

Conto que você tem um bom GPS, certo?

Se seu GPS não tiver indicações para chegar a Calcata, coloque indicações para chegar a Mazzano Romano. De lá há várias placas para chegar a Calcata.

Um problema para o qual eu não sei dar uma dica “certa”: o estacionamento!

Calcata é um pequeno centro histórico e há pouquíssimos lugares para estacionar, e deve ser feito fora dos muros medievais. No dia que fomos, estacionamos nosso carro em um lugar, sem saber bem se poderíamos ou não ter parado ali.

Era um dia de inverno e ventoso, e a cidade não estava cheia. Saiba que na primavera e verão, quando esses burgos oferecem várias atrações culturais, festas medievais, etc… estacionar pode ser difícil. Vá preparado para o que der e vier!

De ônibus:

Nunca fui de ônibus, portanto estou dando as indicações da companhia de transporte público (cuja pontualidade costuma deixar a desejar!).

1. Pegar o trem no Piazzale Flaminio (entre a Piazza del Popolo e a Villa Borghese) para Viterbo;
2. Descer na estação Saxa Rubra (onde ficam os estúdios televisivos da RAI);
3. Dali pegar o ônibus para Calcata. O site da companhia COTRAL é: http://www.cotralspa.it/

Dicas muito úteis:

Atenção Atenção Atenção: Como podem ver na imagem a seguir, aos domingos e feriados só tem 2 ônibus por dia, e não há tanto para ver na cidade que justifique ir de manhã e só voltar às 19h.

Preço do trem: 1,50 Esse trem pertence à Ferrovia Roma-Viterbo (empresa municipal dos transportes de Roma) e para encontrar informações vá ao site: http://www.atac.roma.it/ e não ao site da Trenitalia. Se você tiver o Roma Pass ou um passe urbano, a passagem de trem está incluída nesses passes.

Preço do ônibus: 2,80. Comprem o bilhete na estação de Saxa Rubra e lembrem sempre de comprar o bilhete de ida e volta, porque nunca se sabe se encontraremos um lugar aberto para comprar bilhetes e nem sempre é possível comprear bilhetes a bordo.

Comer em Calcata

Das últimas vezes que estivemos por lá, nossas opções foram:

Pizza al taglio: assim que a gente termina de subir a rampa e chega na pracinha principal da cidade tem um forno (panificação) minúsculo, que faz pizzas aos pedaços (pizza al taglio). Essa era a escolha de 8 entre 10 italianos.

Casa de chás: um lugar que conheci na primeira vez que fui a Calcata, uma casa de chás com 101 sabores, e tenho um sabor predileto, que é o chá de limone affumicato, ou seja, limão defumado.

Geléias, marmeladas e “nutella” artesanal: da última vez entramos numa lojinha e degustamos alguns produtos feitos com o que a natureza dá. Adoramos os cremes de avelã (creme di nocciola) artesanais, que são a versão artesanal da Nutella. Uma delícia! Mas também tinha vários tipos de mel e azeites.

Não coloquei endereços ou indicações desses estabelecimento onde comemos e compramos porque a cidade é tão, mas tão minúscula, que vocês vão dar de cara com tudo isso!

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